Sempre impliquei com a mania que o Márcio tem de dizer que não gosta de viajar. Sempre achei que isso não pode ser exatamente verdade, já que ele viaja, sim, principalmente comigo. E a idéia de uma ida ao Rio de Janeiro, a Buenos Aires e a São Paulo costuma sempre ser bem recebida por ele. Eis que depois dessas duas experiências supracitadas acho que entendo melhor o que ele quer dizer e posso afirmar sem medo de me arrepender depois: eu também não gosto de viajar.
Não me entenda mal, eu tenho necessidade de viajar. Adoro conhecer novos lugares, ouvir e falar línguas diferentes da minha, ver luzes novas, sentir sabores e cheiros inéditos - as ruas de São Francisco têm um cheiro muito específico que ainda não consegui definir direito -, mas o processo todo de fazer-mala-ficar-em-aeroporto-voar-dormir-em-hotéis é realmente chato, muito chato. Nesse sentido, descobri que também eu não gosto de viajar. Tenho uma alma não-viajante, fazer o quê.
Vai que daí me veio uma idéia. Livros e blogs para viajantes e turistas há vários e muitos muito bons, como o Ida & Volta da minha amiga Tatiana Klix e o Viaje na Viagem do Ricardo Freire. Vou fazer um guia de viagem e turismo para não-viajantes. Porque viajar é preciso, mas, por exemplo, tem coisas que um não viajante não lê nesses guias apaixonados por viagem.
Você sabia, por exemplo, que um não-viajante, aquele ser que considera a própria casa o melhor lugar do universo, não deveria jamais ficar mais de 10 dias viajando? Pois é. Esta é a primeira dica do meu guia, que ainda não existe, mas começa assim. Porque depois do décimo dia, o turista de meia-pataca começa a contar quantas noites ainda falta dormir para voltar para casa.
Tem também o capítulo que fala de compras. Porque o não-viajante é implicante e, internauta, deixa de comprar quase tudo porque, afinal, sempre pode encomendar pela Amazon. E também se irrita um pouco com o fato de que tudo é Made in China e, well, pode facilmente ser encontrado em São Paulo ou Buenos Aires, que estão, no caso da não-viajante moradora de Porto Alegre, a menos de duas horas de vôo.
O amigo leitor - provavelmente viajante, já que os não-viajantes somos poucos ou ao menos temos vergonha de assumir esse nosso lado jeca e preguiçoso - deve estar pensando: mas por que essa criatura viaja, por Deus? Viajo porque preciso. Porque viajar areja as idéias, nos tira da zona de conforto, nos mostra o quanto não estamos no controle das situações e tudo o mais. Porque às vezes viajar é a única maneira de crescer profissional e pessoalmente. Mas, ai de mim, que inveja da Tati e do Riq, que fazem tudo isso que para mim é tão complicado com prazer absoluto.
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Aos poucos espero conseguir botar aqui algumas das lembranças desta mais recente viagem. Mas eu queria fazer essa confissão antes.
Cássia, eu vou comprar o livro! Viajantes têm muito a aprender com não-viajantes que gostam de viajar :)
ResponderExcluirBah! Tu conseguiu verbalizar o que sinto! Adoro conhecer novos lugares, mas odeio viajar, seja de avião, de carro (trem e navio nunca viajei). Viajei muito pouco ainda e invejo saudavelmente estes teus últimos roteiros, mas realmente o processo é muito chato. Fazer mala, que nunca será possível levar tudo e ainda carregá-las, por Deus, tem coisa pior? Porque sim, em diversos momentos tem que andar com elas pra lá e pra cá e nunca é de um jeito cômodo. E outra, voltar para casa... continua
ResponderExcluirvoltar para casa, ainda que seja maravilhoso dormir na cama da gente, tem que desfazer as malas! é a pior parte! aquele monte de roupas sujas, guardar as coisas, aí já dar aquela ajeitada no guarda-roupa... eu gostaria de ser teletranportada para o lugar, de preferência com meu guarda-roupa junto! E eum compro coisas, muitas coisas, a única parte boa de desfazer as malas, mas carregar tudo isso, é um pavor.
ResponderExcluirAdoro hotéis, mas concordo: a parte dos aeroportos é um pé no saco, e ficar mais de 10 dias longe também me dá um nervoso. Mas é um fenômeno recente, pois antes tinha mais desapego à casa e ficaria longe por meses, se dependesse de mim,
ResponderExcluirQuero o guia, hein?! Para ajudar vou dar minhas contribuições. Drible questões simples. Na minha viagem para Europa optei por uma mochila. Levei pouquíssima coisa e garanti a bagagem comigo. Além disso, tinha roteiro certo e sabia exatamente o que eu iria fazer em cada cidade. Hotel? Geralmente alugo apartamentos. Nada como se sentir em casa no exterior pagando menos. A verdade é que tem jeito pra tudo e o importante é identificar o que a gente não gosta. Assim fica bem mais facil.
ResponderExcluirCássiaaaaaa, não acreditoooooo! E pior é que tu tem seguidores! Vai vender horrores esse livro, pelo visto. Mas eu certamente estou no grupo da Tati. Beijos.
ResponderExcluirCassia, não disfarça... tu adooooora viajar! É só reler o teu primeiro parágrafo. Mas entendo o saco dos aeroportos - tu já me viu descomposto em Guarulhos brigando até com o Almirante Rolim, se ele ainda estivesse vivo.
ResponderExcluirEu adoro viajar, mas a quebra da rotina me dá uma ansiedade terrível. Tenho vários episódios de não-viajante em todas as viagens que eu fiz. No quinto dia em Fernando de Noronha, por exemplo, eu queria nadar até o continente. Mas o pior momento para mim é a hora de comer. Eu me recuso a comer fastfood. Por outro lado, como experimentar algo novo na cara e na coragem e sem indicação alguma?
ResponderExcluirA casa: So comecei a curtir mais o viajar quando me deparei como moradora temporaria - ainda que por tempo indefinido de um pais. E a curiosidade dissipa qualquer problema que eu tenha. Cansada, no primeiro final de semana pos-Olimpiada eu vou sair. Preciso definir entre Xian, Hangzhou ou Suzhou. De trem, duas noites no trem, uma noite no destino. Rapidao, estressante, de mochila nas costas, perfeito! ;p. Cassia, vem pra Asia
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