O dia se espatifa: Observações aleatórias sobre futebol

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Observações aleatórias sobre futebol

Sempre fui colorada, mas só passei a compreender mesmo o que isso quer dizer depois de começar a ir a campo. Mesmo - ou principalmente - àqueles jogos que não enchem um quinto do estádio e que o time empata - ou perde.

Não entendo como alguém pode não torcer para time algum. A sensação de fazer parte de algo que mobiliza milhares e milhares de pessoas é de certa forma reconfortante e dá uma certa crença na capacidade de mobilização da humanidade em torno de uma causa comum. Imagino que ajude quando se trata de uma torcida via de regra civilizada e alegre como a do Internacional.

Não toco flauta. Justamente para que não toquem flauta em mim. Gosto de comemorar as vitórias do meu time com os outros torcedores.

Em jogos como o de ontem, no Beira-Rio, fico feliz ao ver a maior parte das quase 50 mil pessoas que se prestam a passar frio para ver o time tentar uma vitória quase impossível ficar até o final de um jogo evidentemente perdido. E aplaudir a equipe, mesmo sem ter vencido. Isso, afinal, é o tal espírito esportivo.

A loira de voz esquisita que narrava o jogo estava atrás de mim ontem devia ser banida de qualquer evento social. Qualquer. Ou ir a uma fonoaudióloga. Ou fazer uma cirurgia nas cordas vocais.

Torcedores de ocasião - aqueles que só acompanham quando o time está bem ou só vão ao estádio em finais - são necessários. Mas infelizmente creio que também meio que ajudem a dar má fama a qualquer torcida, vaiando o próprio time, reclamando o tempo todo. Não sabe perder? Desista de ser torcedor.

Torcedores fanáticos - aqueles que sofrem e respiram o clube, andam fardados da cabeça aos pés e têm e-mails com o nome do time - são necessários. Mas infelizmente creio que também meio que ajudem a dar má fama a qualquer torcida, sendo agressivos, exagerados, chatos. Equilíbrio é tudo nessa vida.

Se a gente parar para pensar, o futebol funciona como uma perfeita metáfora da vida. Quem desenvolve bem a tese é o Márcio. Vou ver se o convenço a botá-la no papel - ou no blog dele.

Não tem Prozac que supere a carga de energia de um gol comemorado dentro de um Beira-Rio lotado. Não tem. O problema é que vicia.

7 comentários:

  1. Excelente a última frase, sobre o Prozac... sintetiza muito bem o que passa um torcedor que vê no seu time uma máquina, mas que no final acaba sucumbindo... sorte que a Copa do Brasil não é o único campeonato do ano... o Inter ainda nos dará muitas alegrias! :)

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  2. Adorei o post, Cássia!

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  3. Acho perigoso o fanatismo que envolve as torcidas.

    Às vezes, alguém diz que há um grupo nazista na torcida do Grêmio, por exemplo. Ora, eu vejo vários pontos de contatos entre o fascismo e qualquer torcida fanática:

    - totalitarismo/anulação do indivíduo: (uniformização dos trajes, dos cantos, do pensamento)

    - "militarização" (cantos de guerra, uso de violência física ou verbal, exaltação da violência em campo, comparação dos jogadores com guerreiros)

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  4. (continuando)
    - criação de um inimigo externo para ser o catalisador do ódio e unificador do grupo.

    - tendência para o esmagamento de qualquer oposição (aqueles torcedores que dizem que "não pode criticar o time. temos que apoiar o tempo inteiro`).

    Sou gremista e, mais de uma vez, quase apanhei, na rua, de trocedores DO GRÊMIO! Tudo porque eu estava sem camiseta e nção estava berrando como um retardado. Ontem, fui para o trbalho em um ônibus cheio de gremistas.

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  5. Aliás, Cássian, tá na hora de a ferramenta da firma suportar comentários maiores, néam?

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  6. (continuando)
    Perto da Azenha, eles começaram a cantar e eu pensei "É agora que eu me ferrei. Não vou saber os cantos e vou apanhar". Aí, gritei umas palavras de ordem junto e me enturmei. Que lástima.

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  7. O jogo foi lindo, foi demais, foi emocionante. Fico triste, apenas, porque acaba sendo tão previsível: a gente sabe que vai ter final de campeonato, que vai ter briga, que vai ter porrada... etc. Isso acaba com a beleza de uma partida, não acaba? Será que daqui um tempo nós vamos acabar dizendo que a porrada faz parte de uma boa partida de futebol? E será que isso vai ser lindo?
    beijos!

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