Amanhã faz 15 anos que o Márcio e eu saímos juntos pela primeira vez. Pouco depois das 19h de 27 de setembro de 1995, aceitei fazer um lanche com ele no McDonald's da Silva Só com a Ipiranga depois de um dia de trabalho na TV para continuar a conversa sobre música e cinema que começamos na redação. De lá para cá, é bem provável que não tenhamos passado mais do que 60 dias sem nos vermos pessoalmente - incluindo as poucas viagens que fizemos separados. É absolutamente certo que não ficamos mais do que cinco dias sem ao menos nos falarmos por telefone ou trocarmos um e-mail. Confesso que, agora, ao fazer esse levantamento mentalmente, fiquei um pouco assustada até.
Nesta semana que começa amanhã, cada dia será a celebração dos 15 anos de uma primeira vez. A primeira saída juntos. O primeiro jogo do Inter. O primeiro beijo. O primeiro desentendimento. Eu tinha 21 anos, ele, 28. Eu era estudante de jornalismo, e meu pai ainda era vivo. Ele trabalhava na RBS TV depois de uma temporada no Jornal do Brasil e uma passagem anterior pela Zero Hora - o que o transformava num ser absolutamente experiente aos meus olhos. Eu não sabia o que esperar da minha vida profissional, e ele esperava que a dele desse uma guinada. Eu demorei um pouco para gostar dele, mas depois da terceira hora conversando, vi que poderia ficar com ele para sempre. Ele gostou de mim de cara, mas só se convenceu de que queria me namorar três meses depois.
De lá pra cá, foram centenas de passeios pelas ruas de Porto Alegre, Gramado, Rio de Janeiro, São Paulo, Buenos Aires, Montevidéu, Lisboa, Porto, Recife, Vigo, Paris. Foram incontáveis restaurantes, bares, lanchonetes, cafés, delicatessens, supermercados e quaisquer lugares com boa comida e boa bebida. Os bifes mal cortados e esturricados e as massas além do ponto com manteiga demais do começo deram lugar a pratos triviais - ouso dizer - impecáveis e churrascos muito bem feitos. Somando, imagino que tenhamos ganhado e perdido e ganhado e perdido 40 quilos.
Pilhas de fotos impressas e gigabytes de imagens digitais registram mais de 30 festas de aniversário, vários almoços e jantares, festas juninas e quetais reunindo amigos queridos que vieram e foram, foram e voltaram, vieram e ficaram, cada um deles deixando uma marca no nosso caminho. Amigos que tiveram filhos, que curtimos desde bebês e que agora entram na adolescência. Perdemos pessoas queridas juntos. Passamos por belos sufocos e vivemos lindas voltas por cima. Tivemos dois cães especiais, um deles ainda conosco. Fizemos grandes amigos. Formamos famílias paralelas às nossas famílias de sangue.
Tivemos juntos quase uma dezena de empregos. Escrevemos para diferentes lugares e nos arriscamos em atividades diferentes da original. Compramos duas casas. A segunda, vendendo a primeira. Fizemos cinco mudanças. Fomos para São Paulo e voltamos. Agora, plantamos uma horta e uma bergamoteira. Ainda não escrevemos um livro, mas fizemos uma matéria a quatro mãos em 2009 e editamos um vídeo sobre o Tom Jobim nos idos de 1996. Planejamos o filho que ainda não veio há quatro anos. Confiamos que virá. O quarto dele, pelo menos, já está reservado.
Juntos, vimos o Internacional ser campeão de tudo, depois de quase cair para a segunda divisão. Assistimos a um sem número de filmes - muitos deles incontáveis vezes, para meu desespero. Brigamos muito pelas músicas do Emílio Santiago que ele insiste em ouvir perto de mim, mas também aproveitamos os 90% de gosto em comum para cantar, cantarolar, dançar. Lemos centenas de livros, revistas, jornais. Acumulamos boa parte deles em estantes que quadruplicaram em quantidade e tamanho. Quando começamos, ocupávamos cada qual um quarto nas casas dos pais. Estamos bem mais espalhados.
Datas redondas fazem a gente pensar. Repensar. Aos 15 anos, meninas são "apresentadas" à sociedade, num ritual cafona chamado "debu". Por essa lógica, o Márcio e eu estamos debutando na vida juntos. Então, agora eu nos reapresento formalmente à sociedade. Cássia e Márcio, juntos há 15 anos e com um financiamento imobiliário de 30 pela frente, muito prazer.
Sensacional o texto Cássia! Nada mais a declarar. :-)
ResponderExcluirQue lindo, Cássia!
ResponderExcluirQue bela história! Parabéns!!!
ResponderExcluirMuitíssimo bonita mesmo a história de ambos contada pelo teu ponto de vista, e o melhor é que não imaginaria vocês dois de outra forma!
ResponderExcluirTim-tim! Que venham mais 15. Um beijo.
ResponderExcluirRedundância dizer que teu texto é bom. Em seguida é eu e a Mari, se Deus quiser! :) Um grande beijo pros dois!
ResponderExcluiré sempre tão bacana conhecer as histórias de vida, principalmente quando estas experiências envolvem encontros importantes. Compartilhar-las é algo muito generoso. Parabéns Cássia e que venham muitas histórias juntos :)
ResponderExcluirDepois do café de hoje de manhã vim ler.
ResponderExcluirBaita texto, tomara que daqui 12 anos (acabei de fazer 3) eu possa escrever o mesmo, óbvio que não com a mesma qualidade. :D
Cassiola amada, lindo o texto! Bom saber que faço parte da vida de vocês. :)
ResponderExcluirYay!
ResponderExcluirQue legal o texto, adorei a retrospectiva da vida de vocês!
ResponderExcluirQue venham mais muuuuuuitos anos!
Beijos
Lindo mesmo, espetacular. Parabéns!!!
ResponderExcluirLindo. Parabéns pelo debut :)
ResponderExcluir'brigada, querida! beijos!
ResponderExcluirMuito lindo! Até dá vontade de embarcar numa vida a dois.
ResponderExcluirvale a pena, carol. é bom, mas é ruim. é ruim, mas é bom.
ResponderExcluir