Não são poucas as coisas que nos fazem pensar "e se?". Reencontrar pessoas que não víamos havia muito é uma delas. Completar datas redondas, outra. Deparar com objetos, textos, fotos de tempos passados, em que éramos outra versão de nós mesmos, ainda outra. Ver uma pessoa querida passar por uma situação difícil por que já passamos, também. Nas últimas semanas, tive todos esses gatilhos sendo disparados ao meu redor. Como resultado, passei alguns dias sendo assombrada por vários "e ses" que me surgiam de repente, antes de acordar, antes de dormir, ao ouvir uma música, na hora do banho, almoçando, dirigindo...
E se meu pai não tivesse morrido três dias depois de eu completar 22 anos?
E se eu tivesse feito Letras em vez de Jornalismo?
E se eu tivesse sido mais pragmática em relação à minha carreira corporativa?
E se eu não tivesse aceitado continuar com o Márcio depois dele pegar o primeiro cachorro das nossas vidas?
E se eu tivesse tido coragem de me despedir do meu pai quando soube que ele estava morrendo?
E se a gente não tivesse voltado de São Paulo em 1990?
E se eu não tivesse pedido demissão da TV, do Jornal, do Terra...?
E se eu não tivesse vendido meu carro em 2001?
E se eu tivesse feito uma dieta de verdade logo depois de engordar 12 quilos em 2000?
E se eu tivesse deixado os cabelos crescer e pintado de loiro?
E se a gente não tivesse voltado de São Paulo em 2003?
Essa porção de questionamentos estava me incomodando, me dando um aperto no peito, me deixando aflita. E eu não estava sequer conseguindo identificar por quê. Ontem à noite, tudo se esclareceu. Ao ver minha filha brincando feliz na casa de um velho amigo, percebi que as respostas para essas dúvidas não têm mais importância alguma. O que vale foi o que aconteceu. E o que está por acontecer. Com todos os "e ses" que ainda surgirão e ficarão pelo caminho.