Não é novidade pra ninguém que me conhece e me acompanha que, desde que saí da RBS, em novembro de 2012, eu me tornei uma grande crítica nas redes sociais das práticas empresariais e o resultante jornalismo que sai de lá. Já teve muito amigo querido que me alertou para eu cuidar para não ficar parecendo rancorosa demais (rancor do quê, se minha vida profissional só melhorou?) e teve muito ex-colega que eu respeito demais fazendo cara feia pra mim ao me encontrar, como se eu fosse uma espécie de traidora.
Mais de uma vez, inclusive, gente que ainda está lá dentro e a quem eu respeito me mandou mensagem reclamando por ter se sentido pessoalmente ofendido por críticas feitas a conteúdos da firma. Claro, esses conteúdos são feitos por gente, muita gente boa, e é natural que eles se ressintam de críticas. Mas é fundamental entender que não é uma questão pessoal, é questão aritmética.
Nas redações da RBS ainda tem muita gente ótima. Muita gente, inclusive, a quem eu devo muito do que sei e sou e tenho. Só que é preciso cuidar com a repetição do discurso do patrão (de que o "jornalismo" precisa se adaptar aos novos tempos, blablablá). Eu mesma repeti esse discurso com convicção muitas vezes, e hoje tenho vontade de sumir quando lembro de coisas que disse.
É que, lá dentro, esse discurso parece fazer muito sentido, mas, daqui de fora, é triste, muito triste ver redações sem gente pra fazer bem o que sempre foi bem feito. Quem restou (e a tendência é que o número seja cada vez menor) está matando um bando de leões por dia, mas a falta de gente, de quantidade mesmo, não de qualidade, tá cada vez mais evidente nos produtos. Porque os produtos não ficaram menores, pelo contrário. Tem muita coisa bacana sendo feita ainda, evidente e felizmente, mas a que custo para esses profissionais? Para a motivação e a alegria de viver dessas pessoas?
É matemática: 200 pessoas pensam mais, melhor e com mais folga do que 20. Não importa o quão excelentes sejam as 20 cabeças. Assim, espero que o pessoal que batalha no dia a dia pra fazer sites, jornais e programas de rádio e TV entenda que, nas minhas críticas (com suas repercussões quase ínfimas, é bom lembrar sempre), nunca está uma crítica ao pessoal valoroso com quem tive, em muitos casos, o orgulho e o prazer de trabalhar. A minha crítica foi, é e sempre será à mentalidade obtusa e tacanha dos dirigentes da empresa (ok, eu sei que tá assim no mundo todo, mas as demais empresas não me disseram respeito), que estão tentando provar na marra que é possível contar com geração espontânea de conteúdo.
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