Textos de jornalistas, reportagens de diversas plataformas, posts, tweets e comentários de Facebook já disseram e mostraram tudo o que poderia ser dito e mostrado sobre o maravilhoso show que o maior dos beatles fez ontem em Porto Alegre. Mas por ter estado lá - e ainda estar sob efeito de toda aquela energia -, achei que precisava registrar um pouco do que senti por aqui. Foram três horas de espetáculo (e a palavra aqui se aplica em todo seu esplendor), mas eu queria muito, muito mais. Eu e todas as milhares de pessoas que custaram a arredar pé do Beira-Rio à meia-noite.
Paul McCartney não é deste mundo. E isso ficou claro ontem. As composições do homem cobrem uma gama de estilos musicais que vai do bolero ao rock pesado. E todos com excelência. Aos 68 anos, Sir Paul deixou a todos embasbacados com a vitalidade e a simpatia que esbanjou em cima do palco. Homenageou o John - meu quarto beatle preferido - e o George - o segundo, antes de Ringo. Something foi qualquer coisa de especial. A lembrança de George Harrison e a interpretação perfeita da banda de Macca me levaram as lágrimas pela primeira vez.
O choro veio forte com Yesterday, apesar de ela não estar entre as minhas canções preferidas. É que foi Yesterday a música que me introduziu ao maravilhoso mundo dos besouros de Liverpool. Era a favorita do meu pai, de quem herdei a coleção de fitas cassete com a discografia quase completa dos Beatles.
Os primeiros acordes de Eleanor Rigby foram catárticos. Foi naquele instante que me dei conta de que nunca mais - eu disse nunca - qualquer outro show seria capaz de superar aquilo tudo. Talvez apenas outro do próprio Paul, mas então não mais favorecido pelo fator "primeira vez".
Apesar do repertório (muito bem) escolhido a dedo, faltou muita coisa. Faltou, por exemplo, For No One, a música que inspirou o título original deste blog em 2003: The Day Breaks. E faltou Fool on the Hill. Mas esteve lá Live and Let Die, numa versão explosiva e impecável.
Sir Paul, many thanks indeed!