O dia se espatifa: dezembro 2013

domingo, 29 de dezembro de 2013

Retrospectivar é viver

Quando trabalhava em redação, fazer retrospectivas era uma das coisas que eu achava mais divertido. Agora, robôs fazem isso pra gente.

Para este 2013, tem a do Facebook.

E esta outra, feita com as fotos mais curtidas do Instagram...


domingo, 22 de dezembro de 2013

Enfim, meu "relato de parto"

Desde a gravidez, li a respeito e ouvi falar do "plano de parto" e do "relato de parto". Plano de parto eu nem pensei em fazer. Tendo levado tanto tempo para engravidar, achava um despautério imaginar que poderia planejar um parto. A única coisa que fiz foi encontrar uma obstetra que me disse que, sim, faria parto normal mesmo eu estando acima do peso, com 38 anos e tendo uma gravidez tão desejada. Sim, porque os três motivos foram suficientes para que três cesaris..., ops, ginecologistas, que com quem me consultei antes da querida Dra. Rosi Balbinotto declarassem peremptoriamente que com "essas condições" eu dificilmente conseguiria parir.

Abre parênteses. Eu havia ouvido falar en passant sobre "humanização de parto" e "partos domiciliares" e "doulas" e, não, eu não precisava de nada disso. Só que tenho medo-pânico de qualquer cirurgia, e a ideia de abrirem a minha barriga comigo acordada, com meu marido do lado, cortarem sabe-se lá quantas camadas de tecido pra chegarem à minha filha (e se cortassem ela????) me apavorava. Então, quando me dizem que eu fui "corajosa" por ter querido (e conseguido) parto normal (ainda que com analgesia), eu rio internamente e lembro que foi tudo por medo mesmo. Fecha parênteses.

Já o relato de parto eu comecei a querer fazer depois de entrar para o maravilhoso mundo da "maternagem" e todos os seus jargões e todas as suas panelas e personagens. Tem as que defendem amamentação ad eternum, e as que defendem mamadeira desde a maternidade. As que fazem enxoval TODO em Miami e as que usam fraldas de pano e só roupas doadas. Tem as que acham que a forma como a criança nasce define um monte de coisas na vida dela (e da mãe dela) e as que dizem que "sentir dor é para índia", explicando por que marcaram a cesárea para a 38ª semana de gravidez. Enfim, foi "convivendo" virtualmente com as que pensam e militam em torno da forma do nascimento que descobri a figura do relato do parto.

Desde que a Lina nasceu, li vários relatos de partos, muitos deles extremamente emocionantes, de mulheres que lutaram muito e conseguiram (ou não) parir o filho. Desde que me dei conta da existência desse mundo e dessa linguagem (descobri, por exemplo, que a cesárea não é considerada parto, mas cirurgia, e que TP significa "trabalho de parto"), venho ensaiando meu relato de parto. Nunca escrevi o meu, formalmente. Daí ontem, quando uma colega/amiga comentou sobre a ansiedade que está tomando conta dela em suas últimas semanas de gravidez, lembrei disso. E lembrei que escrevi, sim, uma espécie de relato de parto. Fui atrás e encontrei o texto que reproduzo abaixo e que foi feito do dia em que a Lina completou seis meses.

LINDA DE VERDADE
Há exatos seis meses, mais ou menos neste horário, eu estava sentada na frente deste mesmo computador escrevendo um e-mail para convidar o pessoal do trabalho para um almoço de despedida. Era quarta-feira, e sexta seria meu último dia de trabalho antes da licença-maternidade. Resolvi sair duas semanas antes da data prevista para o parto para acertar detalhes. Tinha que preparar as lembrancinhas e rearrumar as malas da maternidade - a minha e a da Lina.
No dia anterior, tinha ido à médica, que me tranquilizou. Eu estava com um centímetro de dilatação, a Lina estava posicionada, mas não encaixada. Estava pronta para nascer, mas aparentemente ainda ficaria umas duas semanas lá dentro, ganhando peso. De qualquer maneira, se eu tivesse alguma contração com dor, não precisava me assustar. Eu poderia ficar alguns dias sentindo contrações com dor.
Perto da meia-noite, enviei o e-mail com o convite para o almoço de quinta-feira e dei uma última olhada no Facebook e na caixa de e-mail. Na noite da quinta, comeríamos uma paella feita pelo Mário de SantiSanti, na casa dele e da Dilza de Santi. Perspectiva gastronômica mais do que animadora. Levantei da cadeira e... Opa! 
- Olha, Márcio, a minha primeira contração com dor!
Márcio de olhos arregalados:
- Tá, e o que isso quer dizer?
- Que tá chegando perto da Lina nascer.
Olhos mais arregalados:
- Mas já???
- Não, essas dores podem durar mais umas duas semanas.
Olhei o relógio. Era 0h05. Fui tomar uma ducha antes de dormir, porque apesar de ser 12 de abril, fazia calor. Entrei no box e comecei a rir.
- Márcio, olha isto aqui.
Olhos voltando a arregalar:
- O quê? Tu fez xixi?
- Acho que estourou a bolsa.
Liguei para a médica, que mandou ir para o Moinhos de Vento, entrei no banho, comecei a sentir mais contrações, saí do banho sentindo contrações, botei o primeiro vestido que apareceu na frente (o mesmo que tinha usado no chá de fralda), calcei o par de havaianas que ganhei do amigo secreto de natal da firma (que não combinava com o vestido), penteei os cabelos molhados, sentindo contrações, apressei o Márcio, dei tchau pro Bubi e a Farofa (perplexos) e entrei no carro. 
- Não vamos levar as malas?
- Não precisa. Parto demora. Amanhã a mãe leva para a gente.
(Não quis explicar que tinha tirado tudo de dentro das malas para arrumar melhor naquele fim de semana.)
Fizemos o trajeto Zona Sul > Moinhos num quase silêncio nervoso, emocionado, tenso, alegre. Com a falta de movimento, levamos 18 minutos, com as contrações ficando cada vez mais próximas e cada vez mais intensas. (Esse negócio não tinha de ser mais lento, não?) Passamos pela rua do Mário e da Dilza e eu me dou conta:
- Acho que não vamos comer paella amanhã...
Era 1h10 quando chegamos à recepção da maternidade. Às 3h26, a Lina nasceu. O Márcio esqueceu que não queria ver parto nem de trás de uma cortina e acompanhou do meu lado todo o parto normal. Com a nossa menina no meu colo, os dois gritamos:
- Ela é linda! É linda de verdade! 
(Sempre dizíamos que a acharíamos linda mesmo que fosse feiinha, mas ela tinha nascido linda. Linda de verdade.) 
Na sala de recuperação, com a Lina adormecida no colo do Márcio envolta em cueiros do hospital (a mala não tinha ido, lembra?), atendemos à ligação da pobre da minha mãe e da Carolina que tinham se abalado do Moinhos ao Jardim Isabel para pegar as malas (que precisavam ser refeitas, lembra?). 
***
Há exatos seis meses, nossa vida mudou completamente. A Lina estreou na nossa vida, e a cada instante fica mais linda, mais querida, mais importante. A cada instante, comemoramos mais um instante de vida e de alegria e de aprendizado. Se datas redondas - ou quase, como esta - servem para fazermos balanços, uso a de hoje para reafirmar a certeza de que toda a nossa espera (foram oito anos) valeu a pena. Eu poderia escrever um texto deste tamanho sobre cada dia, mas os sorrisos que ela dá e os que provoca na gente são muito mais eloquentes.
Felizes seis meses de vida, minha Lina. Obrigada por estar aqui. A mamãe te ama mais do que absolutamente tudo nesta vida. 
Porto Alegre, 12 de outubro de 2012. 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Caindo, levantando e seguindo em frente... :-)

Vejo muita gente reclamando que 2013 não foi um ano bom, torcendo para que acabe logo. Como todos os outros anos, 2013 teve coisas boas e ruins, tristezas e alegrias, surgimento e fortalecimento de amizades e desencantos, cansaço e ânimo.

Para nós, 2013 foi o ano em que a maior alegria da nossa existência deu os primeiros passos, aprendeu as primeiras palavras e demonstrou incansavelmente que não importa quantos tombos levemos, podemos e devemos sempre levantar e seguir em frente. Sempre sorrindo (mesmo depois de chorar um pouco, pedindo colo).

Um beijo enorme para os amigos e amigos de amigos e até para quem não é amigo de ninguém, que todo mundo merece um pouco de carinho 
 



quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

10 anos esta noite: uma década de espatifaria

Lembrei por acaso neste fim de semana: em dezembro faz dez anos que tenho o blog. Fui conferir, e fez dez anos há pouco mais de meia hora. O primeiro post, do primeiro blog, foi este aqui. Eu conto a historinha resumida ali na direita, abaixo da caixinha do Facebook.

Aliás, nos primeiros anos, eu postava horrores. Durante muito tempo, o blog foi meu Twitter e meu Facebook. Não por acaso, o ritmo de posts caiu vertiginosamente com o surgimento dos dois.

A seguir, algumas curiosidades que talvez não interessem nem aos meus queridos (e infiéis) 17 leitores, mas, azar, o blog é meu, e eu falo aqui o que bem entender:
  • O motivo pelo qual o terceiro post (que não tem simpatia nenhuma) faz tanto sucesso são as buscas do Google! As cinco pesquisas que mais trazem as pessoas para cá, desde que voltei para este endereço, no ano passado, são: 
    • cassia
    • amiga de infância
    • simpatias para jenro (sic) gostar de sogra
    • origem do nome montevideo
    • bufê
Em dois meses faço 40 anos. Parece estranho uma quarentona fazendo um blog com ar aborrescente reclamão, né? Enfim. Tenho pena de acabar com ele. Seria como acabar com parte de mim.

Entonces, sigamos espatifando – ainda que eventualmente –, por muitas e muitas décadas :-) 

sábado, 7 de dezembro de 2013

Vos me haces feliz, hacés el mundo brillar

O show do Fito Paez a que assistimos ontem no Araújo Viana foi um dos shows mais intensos que vi nos últimos tempos. Desde o nascimento da Lina, nenhuma manifestação artística (livro, disco, show ou filme) havia conseguido me afastar do caráter monotemático da minha vida de mãe.

Em determinado momento, uma música me encanta. A letra me emociona, e quase no final eu pergunto pro Márcio:

– Margarita é mulher dele?

– Não, é filha.

<3

Margarita

Yo soy tan feliz cuando te despertás 
Vos me haces feliz, hacés el mundo brillar 
Yo me quiero ir a la luna con vos. 

Vos me hacés feliz 
Sabés amar y jugar 
Vos me hacés reír 
Me hacés sentir fugaz 
Yo me quiero ir a la luna con vos. 

Hay que subirse a un caballo con alas 
Y creer fuerte con el corazón 
Y las libélulas amarillas 
Nos abrirán los laberintos que nos lleven al sol 
Yo quiero estar ahí con vos 
Vos me hacés feliz 
Margarita, mi amor 
Vos me hacés reír 

Te hago reír a vos 
Si hay para comer lo dividimos en dos 
Vamos a vivir abrazados, mi amor 

Que viva el mundo y viva la vida 
Vivan las voces y la emoción 
Ésto te quiero dejar, Margarita 
Y que vayas abriendo el mundo como una flor 
Yo voy estar ahí con vos 
Puedo ser feliz 
Me hacés feliz 
Me hacés reír 
Me hacés feliz 
Totalmente feliz.