O dia se espatifa: Meu pai e uma fita K7

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Meu pai e uma fita K7

Faz mais de 30 anos, e eu me lembro como se fosse hoje do meu pai chegando em casa de uma viagem a Porto Alegre (morávamos em Sorocaba) com uma fita K7 com um gaiteiro cabeludo na capa. "Esse guri é incrível!" E aquela fita K7 não saía do toca-fitas do carro dele. E eu me lembro que às vezes ele enchia os olhos de lágrimas ouvindo o guri tocando tão lindamente, principalmente nas férias, quando estávamos na estrada que ligava São Paulo a Porto Alegre.
Eu me lembro que quando conheceu o Márcio, há quase 20 anos, meu pai disse que gostou do guri (algo que ele nunca havia dito sobre os carinhas que eu apresentava pra ele). Se não tivesse morrido poucos meses depois de conhecer o pai da neta dele, meu pai provavelmente estaria orgulhoso do livro que o genro dele escreveu sobre a vida do cabeludo virtuose da nossa fita K7.
Ontem, no Ocidente, vendo aqueles quatro músicos fantásticos tocando com tanta energia boa (porque o cabeludo não apenas toca muita gaita, como é cercado de pessoas incríveis), fui eu que enchi os olhos de lágrimas pensando nisso tudo.


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