O dia se espatifa: maio 2008

sábado, 31 de maio de 2008

Confissão inconfessável: não sei fazer turismo

Eis mais um dos defeitos que enchem a minha galeria pessoal de imperfeições. Eu não sei fazer turismo. Não gosto da idéia de programar um dia inteiro, recheando-o com pontos de interesse e cumprindo o compromisso a risca. Gosto de sair de casa com um objetivo em mente, mas na maioria absoluta das vezes acabo me distraindo com um ou outro detalhe fora dos planos e deixo tudo para trás. Se gosto de um lugar específico, acabo voltando a ele duas, três ou mais vezes, deixando novos lugares para um outro dia, uma outra viagem, uma outra vida.

Hoje, a dois dias de voltar para casa, me dei conta de que fiz isso de novo aqui na Califórnia. Desta vez, porém, graças às parcerias, que sabem ser turistas, acabei fazendo passeios (e fotos) tipicamente turísticos, o que foi legal. Ao mesmo tempo, me dei conta de que acabei não fazendo algumas coisas que faria sozinha, como pegar um livro e ficar lendo dentro da City Lights em São Francisco. Sim, eu curto fazer nada em dólar mesmo, embora não tenha nenhum sobrando.

Os últimos dias foram cheiíssimos: road trip a Los Angeles, hospedagem na linda Santa Monica, passeios por Venice e Newport Beach, Indiana Jones 4 em LA, passeios por Beverly Hills e a calçada da fama, fotos em Malibu, almoços em Sausalito, Santa Bárbara e Carmel, passeio embasbacante pelo Big Sur na Highway 1, almoço em Napa e visita à vinícola Sterling (com direito a passeio de teleférico, apesar da minha vertigem), almoço mexicano em São Francisco, bonde até o Fisherman`s Wharf, compra na Macy`s, jantar na casa de um casal tipicamente californiano, com direito a torta de cerejas frescas feita em casa.

Hoje e amanhã estão reservados a São Francisco. Ainda não fui a um museu sequer, nem caminhei por um parque, nem fui a uma Barnes & Noble, nem entrei numa loja de discos, nem passeei de barco... Não vai dar tempo de fazer tudo. Acho que isso deveria estar me incomodando, mas como não sou uma boa turista, não está.


Postado por Cássia Zanon

terça-feira, 27 de maio de 2008

Fui aqui e ja volto

Com o perdao pela falta de acentos, passo rapidinho por aqui, diretamente de um internet cafe da cidadezinha de Cambria, no meio do caminho entre Los Angeles e Sao Francisco, para dizer que ja volto a postar. Na estrada a coisa fica mais complicada, mas tenho muitas fotos pra publicar.

Se nao der preguica, claro :-)

Postado por Cassia Zanon, da California e sem acentos

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O trem certo para o lado errado

Pedaço da vista da janela do BART

Daí que a Cássia foi fazer uma visita ao You Tube, em San Bruno, convidada a almoçar num dos famosos refeitórios patrocinados pelo Google. Com a ajuda da internet, descobriu o ônibus e o trem que deveriam deixá-la no lugar certo, e foi muito barbada. O sistema de transportes de São Francisco é realmente impressionante, e a criatura que vos escreve certamente teria chegado adiantada ao compromisso, não tivesse ela embarcado no trem certo para o lado errado.

Tipo assim, como diria o outro, eu só não me irritei com porque, afinal, estou de férias e a vista do caminho era muito legal. Ao lado, uma tentativa de fotografar uma das vistas que, como vocês podem ver, ficou péssima.


Postado por Cássia Zanon

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Momento tiete e jeitinho americano

Como contei en passant no post anterior, meu primeiro objetivo por aqui era aproveitar uma coincidência das mais agradáveis. Fuçando na programação cultural da região de São Francisco, descobri que o Carl Hiaasen estaria autografando o novo livro dele sobre sua tentativa fracassada de jogar golfe, The Downhill Lie, no começo da noite de domingo numa livraria fofa em Corte Madera, cidade ao lado de onde mora a Carol.

Daí que eu cheguei morta, como mencionei não tanto en passant no post anterior, mas não queria deixar de ir até lá. Tietagem não é exatamente o meu perfil, mas eu sou fã do sujeito há anos, que também conta com a admiração, mais antiga do que a minha, do meu amigo Paulo Moreira.

Eis que antes da sessão de autógrafos tinha uma palestra, que começou pontualmente às 19h. Mesmo bêbada de sono, aguentei firme. Falando, o Carl Hiaasen consegue ser tão divertido como seus livros. Mas às 19h40 começou a ficar difícil segurar as pontas e achei por bem pedir pra sair. 

Chamei a dona (ou gerente) da simpaticíssima livraria num canto, expliquei a situação e perguntei se eu poderia deixar o livro para ser autografado e ir pegá-lo no dia seguinte. Qual não foi a minha surpresa quando a querida (cujo nome me esqueci, dado meu estado mental deplorável naquele instante) me falou cúmplice: "Não se preocupe. Você fica em primeiro lugar na fila." Insisti que bastava o autógrafo, mas ela mostrou que o jeitinho americano não aceita discussão: me segurou pelo braço e praticamente me arrastou até a mesa onde os livros seriam assinados.

A palestra terminou em seguida. Morrendo de vergonha, achei que ia apanhar do grupo de mais de 60 leitores que havia chegado antes de mim a palestra. Que nada! Ela explicou a situação para as pessoas, e todos foram muito gentis. Eu devia estar com uma cara péssima, mas consegui sair de lá triiiiifaceira com meu autógrafo embaixo do braço.


Postado por Cássia Zanon, da Califórnia

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Porto Alegre - São Francisco pinga-pinga

Olha, nem foi uma passagem tão barata assim. E pelo que me conta quem viaja mais frequencia (quem disse que encontrei a trema neste teclado?), esse tipo de coisa não é tão incomum assim. E nem seria tão ruim, se pelo menos eu conseguisse dormir efetivamente dentro do avião e não apenas tirar cochilos de 10, 20 minutos a cada hora e meia e se os aeroportos fossem lugares mais amigáveis e tivessem cadeiras mais confortáveis, mesmo que fosse para alugar. Acontece que de sábado a ontem, passei 28 horas em trânsito, com a sorte de nenhum dos vôos atrasar, e o último chegar ao destino 15 minutos adiantado. E o meu destino não era o outro lado do mundo, como o da Tati Klix.  


Relendo esse primeiro parágrafo, vi que parece reclamação, mas não é, juro. É só um preâmbulo para a reprodução que faço a seguir do que escrevi no meu caderninho de viagem. Desde que aportei nos EUA, via Houston, há pouco mais de 24 horas, não podia ter sido melhor tratada e tido uma ótima impressão das pessoas e dos lugares. Porque apesar de traduzir e falar inglês fluentemente, e provavelmente conhecer Manhattan como a palma da minha mão (alguém realmente conhece a palma da própria mão?), por vários motivos, eu nunca tinha pisado em solo americano.  



Porto Alegre - São Francisco pinga-pinga: anotações de 28 horas de viagem


Sábado, 17 de maio


15h56
O aeroporto de Guarulhos parece uma rodoviária. Cheguei äs 14h30 de Porto Alegre, depois de um vôo tranquilo. Bateu a fome (o sanduíche de qualquer coisa desconhecida servido pela TAM não funcionou muito bem como almoço, mas as alternativas do ex-Cumbica são das mais limitadas. Agora estou à espera de uma fatia de pizza de mussarela que vai me custar a bagatela de R$ 18 e alguns centavos. O vôo para Houston, previsto para sair às 21h15, ainda sequer aparece na tela de informações da Infraero. Para passar o tempo, dois livros bobos, uma revista e - graças a Deus - meu primo Tales, que não vejo há quase um ano e que vem chegando...


19h10
Estou segura de ter comido a pior pizza de mussarela EVER. Massa fofa e mole, mussarela fria, o horror, o horror. Em compensação, foi cara. O Tales está ótimo e me ajudou a passar o tempo. Estou com sono, mas não quero cochilar e estragar o ânimo de dormir no avião. Já tenho muitos planos para depois da minha chegada a São Francisco (prevista para ocorrer 31 horas depois da hora em que acordei hoje de manhã. Tem sessão de autógrafos do Carl Hiaasen, e isso promete ser uma bela estréia em território americano. So far so good.


20h09


O tempo se arrasta. Já estou há quase 12 horas sem entrar online, e começo a ter sinais de abstinência. O embarque deve começar logo. A partida está confirmada para as 21h15, e eu não aguento mais esses assentos horrorosos do aeroporto. Deve ser parte de um acordo entre a Infraero e as companhias aéreas, porque depois dessas coisas duras e desconfortáveis, qualquer poltrona apertada de classe econômica vira o paraíso.


Domingo, 18 de maio


0h20


Então finalmente eu estava quase conseguindo dormir no vôo, faltando ainda quase sete horas de viagem para Houston, mas uma criatura insuportável, um homem (aparentemente gaúcho, aparentemente professor de marketing) simplesmente fala ININTERRUPTAMENTE há quase uma hora. Estou ouvindo o canal de jazz, mas não adianta. É daquelas malas com voz tonitruante. Estou mesmo é com pena do interlocutor...


4h26
Estou morrendo de sono, mas o máximo que consigo é dormir períodos de mais ou menos 10 minutos. O americano de pernas compridas do meu lado bebeu, praticamen

Postado por Cássia Zanon, da Califórnia

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Mala pronta

Mala pronta, tudo conferido e reconferido. E amanhã viajo. Não vou me comprometer a contar a viagem por aqui, porque, afinal, férias são férias, e pretendo aproveitar pra ficar o mínimo possível na frente de um computador.


Mas prometo que, de vez em quando, quando pintar uma chance e uma vontade, apareço por aqui para dar um oizinho.

Postado por Cássia Zanon

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Barbeiros de ônibus

Em dia de falta de inspiração e correria generalizada, deixo para os meus queridos 17 este link para um post da Roberta, que trabalha comigo. Quem anda de ônibus (ou já andou na vida) e luta todos os dias contra a tentação de pegar um táxi e encurtar o tempo (e a grana na carteira) certamente há de se identificar.

Postado por Cássia Zanon

domingo, 11 de maio de 2008

Coração e mãe

Como eu já tinha reparado neste post sobre ela, há quase dois anos, não costumo mencionar muito a minha mãe por aqui. E acho que é pelo pior dos motivos. Porque a presença dela no meu cotidiano é tão evidente, tão óbvia, tão absolutamente necessária, que acabo tratando a minha mãe como uma parte constante de mim. Como o meu coração, por exemplo. Ele está sempre ali, batendo, fazendo o que precisa fazer, e eu reconheço a importância dele, é claro. Mas não é todos os dias quando acordo e quando vou dormir, mas sim quando me emociono e ele muda de compasso, quando subo mais de dois andares mais rápido do que o normal e lembro que devia estar fazendo mais exercícios.



Sem a cretinice de dizer que "dia das mães é todo o dia", deixo aqui esta singela homenagem à minha mãe, que, como o meu coração, está sempre me empurrando para frente, me dando sinais de alerta quando estou exagerando, me ajudando a aprender como ser uma criatura melhor a cada dia - ainda que, por vezes, eu retroceda. E também, ainda que inconscientemente, fazendo com que eu deixe de ter vergonha de ser piegas, pelo menos de vez em quando, e cometa uma comparação como esta, entre ela e o meu coração.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Flowers in my hair


Daí que em uma semana eu saio de férias. E vou visitar a Carol em São Francisco - em San Anselmo, na verdade. Só que com a correria dos últimos dias, ainda não planejei quase nada da viagem, com exceção de uma road trip para Los Angeles e talvez uma ida ao Vale do Silício (so shoot me!) Claro, tem o Napa Valley, a Golden Gate, os inúmeros restaurantes, as livrarias, yadda yadda, mas sou maluquinha, e gosto de fazer roteiros prévios. Nem que seja para desobedecê-los na última hora.


A caixa de comentários está aberta para as dicas personalizadas. Desde já agradeço comovida. ;-)


Postado por Cássia Zanon

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Ainda a nova capa

Como disse no post anterior, o lançamento da nova capa e da nova central de blogs do clicRBS era só o começo de muitas mudanças. Sabemos que o trabalho está só no começo e que ajustes ainda são necessários. E sabemos também que as mudanças na internet (ou seriam todas as mudanças) costumam ser recebidas com desconfiança, irritação e, às vezes, ódio mortal até.

Mesmo assim e por isso mesmo, o Sérgio Lüdtke, editor-executivo de conteúdo do clicRBS e do hagah, como de costume, abriu a caixa de comentários do blog.com.editor para a manifestação da audiência depois das mudanças. São muitos elogios. E muitas reclamações, dentre as quais, várias pertinentes. Tão pertinentes que já estamos providenciando algumas mudanças com base no que nos foi dito.

Por outro lado, tem gente que pede coisas absurdas. A minha preferida, de tão nonsense, é %22voltem para o modelo anterior já%22. Será que quem diz isso realmente acredita nessa possibilidade?

:-)

Ah, sim, se por acaso você ainda não se manifestou, o link para o post do Sérgio é este aqui.


Postado por Cássia Zanon

terça-feira, 6 de maio de 2008

A nova capa do clic e a nova central de blogs


Então que foram publicados há pouco a nova home e o novo desenho da central de blogs do clicRBS. E eu estou particularmente faceira porque este foi o primeiro trabalho que a nossa nova equipe de Produto / Arte / TI – capitaneada pelo Marco Migliavacca desde o final do ano passado – fez a partir do zero. E foi muito, muito legal ver o envolvimento de todo mundo, a vontade com que todo mundo buscou as melhores soluções, as discussões mais do que produtivas sobre o que era o melhor que poderíamos fazer no menor tempo possível.

E esse pacote de coisas novas, que traz ainda um mapa do site, é um trabalho produzido a muitas mãos, com destaque para os dedos mais do que comprometidos da Bruna Nervis, da Tatiane Viana, da Fabiana Velloso, do Pedro Belleza, da Patricia Mallman, do Vicente Bortolini, do Rodrigo Quaresma, do Alessandro Dreyer, do Leonardo Souza, do Fábio Silva, do Luis Mizutani, do Danilo Rodrigues, do Bruno Nogueira, do Miguel Dorneles, do Fernando Tessman, da Anelise Callegaro e do Rodrigo Dellinghausen – eu disse que eram muitas mãos. Não dá para esquecer, é claro, da turma da redação do clicRBS: do Sérgio Lüdtke, da Tatiana Klix, do Márcio Gomes, da Camila Saccomori, da Márcia Simões e das supereditoras de capa Sabrina D%27Aquino, Ana Carolina Bolsson, Clariane Retamozo e Ana Oliveira, que estão trabalhando nos pilotos já há alguns dias. Ah, sim, e tem, evidentemente, o Luis Gracioli e a Silvia de Jesus, que, se não fossem eles mandarem, ninguém tinha feito nada disso ;-)

Este, porém, é só mais um pedaço da porção de novidades – grandes e pequenas – que estão sendo preparadas e saindo do forno aos poucos por aqui. Espero que vocês curtam o resultado desse nosso trabalho, que ainda não acabou – afinal, tudo na internet é beta, não? E deixo os comentários aí embaixo abertíssimos para elogios, críticas e, acima de tudo, sugestões.

*

Em dias assim, eu gosto muito do meu trabalho.

*

UPDATE às 19h46 de 7/5: Como bem disse o Migliavacca, citar nominalmente os bois é se arriscar a esquecer de alguns. E como bem lembrou a Anelise nos comentários, deixei de mencionar o fundamental Anderson Grala. Sorry, Grala! ;-)


Postado por Cássia Zanon

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Tolerância zero

Estou cada vez mais sem paciência e indignada com essas indignações generalizantes de gente que sempre atribui a culpa das desgraças e dos contratempos que enfrenta a um terceiro – seja outra pessoa, o governo, os políticos ou quem quer que esteja passando por ali e possa ser malhado. A imaturidade é cada vez mais evidente, e as pessoas cada vez menos assumem a responsabilidade que têm sobre o que acontece consigo mesmo.

Sou uma pessoa desastrada, quebro coisas, volta e meia apareço com roxos que não sei como chegaram ali, quebro copos e pratos... claro que a tentação é sempre a de pensar "quem deixou isso aqui?", mas a realidade é que esses "acidentes" me perseguem pelo fato de EU ser estabanada. Puxa vida, um pouco de autocrítica não faz mal a ninguém.

Pronto, falei.

Postado por Cássia Zanon

domingo, 4 de maio de 2008

A primeira final...

A energia da comemoração de um gol num estádio lotado é uma das mais incríveis que já senti. Experimentar essa sensação oito vezes em uma hora e meia, então...

Nunca tinha tido coragem de ir a uma final no Beira-Rio. Tinha medo de ser pé frio.

Hoje perdi o medo.

:-)

*

Pergunta do meu amigo colorado Ricardo Freire nos comentários do post abaixo:

É muito politicamente incorreto chamar o Inter do 8 a 1 de ciclone extratropical, ou todo mundo aí já está fazendo essa piada desde as 6 da tarde?


Postado por Cássia Zanon

sábado, 3 de maio de 2008

Foco, gente, foco

Ninguém me nomeou ombudsman de nada, mas, como jornalista, resolvi fazer uma pequena autocrítica. Acabo de ver na TV uma matéria demonstrando e criticando o fato de que os telefones dos serviços de auxílio à população (empresas de energia elétrica, defesa civil, bombeiros e prefeitura) só davam ocupado durante o dia de hoje.


Em dias como ontem e hoje, em que chove em 30 horas o volume de 30 dias, não é de se esperar que tal tipo de congestionamento ocorra? Sou uma indignada com serviços mal prestados, principalmente os públicos, pelos quais pago (muitos) impostos, mas será que os jornalistas brasileiros não devemos pensar em como tratar melhor dessas questões em termos de prestarmos nós também um serviço?


No final do ano passado, a Carol viveu uma chuvarada parecida lá na Califórnia, e o que mais me chamou a atenção na cobertura da imprensa que acompanhei pela internet na ocasião foi o foco na orientação ao público sobre como agir, já que em situações assim é de se esperar que os serviços públicos sejam menos eficientes do que o normal. Uma das dicas de que lembro era justamente a de ligar para os números de socorro apenas em caso de necessidade e não simplesmente para saber, por exemplo, quando a energia elétrica seria restabelecida.

Enfim, estou fora das redações, mas fica a idéia e a dica para os meus 17 leitores. Em casos críticos para toda a comunidade, pense bem antes de ligar para um telefone de auxílio à população. O seu problema é mesmo tão grave?

Postado por Cássia Zanon

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Feios, porém desconfortáveis

Acho os tais dos Crocs muito feios. Muito. Demais. Donde concluí que deviam ser muito, mas muito confortáveis. Daí que outro dia resolvi me arriscar e pensei: e daí que são feios? Devem ser tão maravilhosos que compensam a feiúra com o conforto. Entrei, corajosa, numa loja e... experimentei um!

Conclusão da aventura: apesar de pavorosos, os Crocs são bem desconfortáveis.

E agora ainda por cima precisam de recall...



Postado por Cássia Zanon

quinta-feira, 1 de maio de 2008

São Paulo: porque não ou por que não?

São Paulo e eu temos uma relação antiga e tumultuada. Porto-alegrense apaixonada e convicta, com São Paulo (a cidade), sou feito mulher de malandro. Digo que nunca mais vou voltar. Mas volto. Garanto que não quero nem saber, mas sinto saudade. Faço cara de nojinho ao pensar no cheiro do Pinheiros à espera do trem espanhol, mas me pego lembrando com nostalgia do caminho que percorria da estação Berrini até o trabalho a pé.

A cidade entrou na minha infância com os presentes que o pai trazia das viagens de trabalho e as notícias da Tia Tereza, que pouco antes de eu nascer se mudou com a família para lá e deu início ao grande braço paulistano da família. Cresceu absurdamente sendo o destino da primeira viagem de avião e de uma mudança assustadora para uma menina de seis anos – da pacata Bagé, em Petrópolis, para a movimentada Humberto I, na Vila Mariana. Do tranqüilo Santa Inês, na Protásio Alves, ao movimentado Cristo Rei, na Rodrigues Alves.

Com a mudança para Sorocaba, a adolescência viu São Paulo se transformar no destino preferido dos finais de semana. Onde as lojas eram mais transadas, os restaurantes mais bacanas, os cinemas passavam todos os filmes – e para onde as excursões do colégio eram das mais divertidas. Era a cidade onde o pai trabalhava, percorrendo 200 quilômetros diariamente pela Castelo Branco até a Barra Funda – e já então, no final da década de 80, levando praticamente o mesmo tempo que colegas que moravam do outro lado da cidade, em Santo Amaro, por exemplo.

Em 1990, a família toda volta a Porto Alegre, onde decido fincar raízes. Termino o colégio, faço faculdade, muitos amigos, começo uma carreira e me caso. Só que São Paulo estava ali, me esperando, praticamente me chamando. Em 2001, as circunstâncias levam o Márcio para o Jornal da Tarde, e eu vou junto, transferida do Terra POA para o Terra SAO. A cidade entrou de novo na minha vida, num auto-exílio econômico (por que mais alguém se muda para lá?) que viria a durar um ano e meio.

Essa São Paulo da minha vida adulta me fez voltar à terapia. Porque eu não queria me acostumar à tristeza no olhar das pessoas. Porque me negava a achar normal levar uma hora e meia para percorrer 10 quilômetros todos os dias. Porque me perturbava a idéia de organizar minha vida em torno do trânsito. Porque, porque, porquê. Um ano de terapia depois, porém, concluí que praticamente todos esses porquês eram contornáveis. Menos o céu. O céu de São Paulo é cinza. Mesmo quando não há qualquer nuvem, a partir de uma certa linha no horizonte – quando dá para ver o horizonte – o céu é cinzento.

Hoje faz exatamente cinco anos que o Márcio e eu voltamos da nossa última aventura como moradores paulistanos – e por “última”, aqui, entenda-se “mais recente”, não necessariamente derradeira. Isso porque em 1º de maio de 2003, o céu de São Paulo me provocou. Para mostrar que eu estava errada, deu as caras com o mais deslumbrante azul que eu já havia visto. E me fez percorrer os quilômetros que dividem o Parque do Ibirapuera e o Aeroporto de Congonhas com uma pontada de melancolia no coração.

Porque o azul do céu de repente me fez pensar nos 125 restaurantes e bares que conhecemos nos 18 meses anteriores (foram 10 quilos a mais em cada integrante do casal, mas quem estava contando), nos passeios à pé pela Vila Madalena, nas livrarias Cultura, na Livraria da Vila, na Fnac, na Benedito Calixto, nos passeios pelo Parque Villa-Lobos, nos cinemas e teatros e casas de espetáculo, nos bons amigos que fizemos de todas as partes do país, inclusive de São Paulo. E eu me dei conta de que a única coisa incontornável talvez precisasse apenas de um feriado e menos carros nas ruas para ser contornada.

Como eu disse lá em cima: mulher de malandro.