O dia se espatifa: Então eu fui à feira...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Então eu fui à feira...

... e estou há horas (na verdade mais de 24) pensando no que escrever sobre isso, já que o blog está vinculado no site especial sobre a Feira do Livro do clicRBS.



Só que eu não sei o que dizer.



A não ser que saí de lá decepcionada. Mais do que o normal. Porque a minha querida Feira do Livro virou definitivamente um evento gigantesco que se parece com uma grande livraria de aeroporto. Que só tem best-seller e livro de auto-ajuda. Que tem um milhão e meio de palestras que confundem qualquer cristão sobre a sua relevância ou sua importância. Que mistura autores consagrados com autores autopublicados que não têm a menor chance de serem consagrados. Que tem uma praça de alimentação que parece a praça de alimentação de um shopping center, só que sem o ar condicionado - ou seja, cadê a vantagem?



Eu ainda não sei se foi a feira que perdeu a graça ou se fui eu que perdi a paciência. Só sei que a feira pode ser de qualquer coisa, inclusive de livro, mas não muito de literatura. Nem para encontrar os amigos funciona direito, já que essa sensação parece estar se replicando entre os amigos leitores.



Me dói dizer isso, porque eu adoro Porto Alegre e adoro o conceito da feira, a ideia da feira, a história que eu vivi da feira.



Sei lá, bodeei.



Amanhã irei novamente. Talvez seja o efeito do final de semana. Vejamos.



Como disse há pouco no Twitter: a feira tem que ser menos livraria de aeroporto e mais sebo, ter menos palestras e mais encontros interessantes com escritores idem.

8 comentários:

  1. Não é de hoje. Já em 2001 eu me entediava ao ver que a feira tinha virado uma vitrine de pílulas, auto-ajuda e Agenda Bruxa Pascoalina. Eu pensava em escrever um livro com o título "O Mito do Estado Mais Culto" e dedicar um capítulo só à feira. Depois, desencanei dessa terra. Da feira só restou a xepa.

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  2. Enaltece-se muito a importância de ler, porém, "o que ler" é um fato deixado para segundo plano. Haja vista a quantidade de stands com livros de pouca expressão ideológica que agradam a grande massa que se diz culta. Contudo, uma feira literária tende a ser algo positivo para a comunidade.

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  3. Concordo com vc sobre este post e também com o outro leitor. Entre 2003 a 2005 fiquei morando fora daqui e quando voltei, ainda na Feira de 2005, deu para sentir isto daí que vcs comentaram. Este ano dá para sentir mais a fundo tudo dai, de uma cidade na qual eu adorava morar....mas entre feira de livro que virou encontro para pop stars e também para a aspirantes a tais, e também onde impera uma mediocridade atroz, como aspirante a "cidade roqueira", eu repito o bordão jornalista José Trajano: PAREI!!!!!!

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  4. O que ler na Feira sempre tem, o problema é achar esses livros, já que existe infelizmente um distanciamento muito grande entre o escritor e os visitantes da Feira.
    Acredito que se tivesse um espaço onde autores novos e aqueles já consagrados pudessem conversar com o público ficaria muito mais interessante a Feira, e estes escritores andassem pela feira trocando idéias com as pessoas, imagina a satisfação que teríamos.
    Eu fiz uma sessão de autógrafos na Feira deste ano, do meu livro: A Cidade dos Cata-ventos, da Editora Alcance banca n° 84; graças a Deus este livro esta saindo bem, mas penso naqueles que não tiveram a mesma "sorte", que não puderam entrar em contato com ninguém, que não falaram com o público.

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  5. A Feira tá meio que virando uma espécie de Festival de Gramado. Um grande evento que, em algum momento, meio que perdeu seu conceito

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  6. Cássia,
    Na verdade este é um problema meio "universal"... Eu acabei não indo à feira do livro, mas já estive em uma feira de música. Havia umas mesinhas em uma praça do centro de Porto Alegre, e eu comprei meu CD do Midnight Oil nesta feira, que tenho como uma das mais deliciosas que eu já pude ir, justamente porque foi a mais... "micro" e não "macro".
    Acho que o que você esperava é meio a cara das feiras literárias da Vila Madalena paulistana (que vai sediar a Balada Literária! www.baladaliteraria.org.br). Imagine a Livraria da Vila recebendo o João Gilberto Noll e a Lygia Fagundes Telles!!! :-)
    Enfim...
    beijos!

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  7. querida, tive a chance de trabalhar durante alguns anos na Feira no início dos anos 90, e como era tudo diferente.
    Nem me lembro mais quando foi a última vez que fui a Feira do Livro. Deve fazer pelo menos uns 4 a 5 anos que não ponho meus pés na Feira. Tenho verdadeiro pavor. Nunca encontro nada do que procuro. Além do que é difícil ver o que tem, já temos que disputar o espaço a cotuveladas, além do que o clássico carlozinho judia do povo né.
    Desconto? Tem em qualquer livraria nessa época, fora o que se compra pela internet.
    Eu, pessoalmente, passo muitíssimo bem sem a feira do livro. Vá a Feira, mas não me convide!

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  8. [...] jornalista, tradutora, blogueira, professora, a multifacetada Cássia Zanon, comentou em seu blog no ClicRBS a decepção de ver um evento tão tradicional como “uma grande livraria de aeroporto”. Estantes [...]

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