Quero escrever sobre política como o Ricardo Setti. A elegância do texto e a correção com que ele trata a política nacional são absolutamente compatíveis e proporcionais à figura dele. Lembro que da primeira vez que o vi entrar na redação, em São Paulo, tive de controlar aquela cara pateta de quem encontra um ídolo para me apresentar a ele profissionalmente. Quem eu era: uma guria de 28 anos alçada à posição de editora pelo simples fato de ter escolhido o caminho cheio de atalhos hierárquicos da Internet. E ele ignorou esse fato - do qual certamente tinha absoluto conhecimento - e por mais de uma vez me tratou como se realmente a minha opinião importasse. O processo eleitoral de 2002 estava rolando, e ele, ao contrário do poeta, não se importou de sair perdendo e por várias vezes "trocou umas idéias" comigo.
Não sei se naquelas ocasiões eu cheguei a dizer alguma coisa que ele tenha aproveitado, mas a convivência me fez ver que talvez eu estivesse marcando passo num lugar em que a minha posição hierárquica estava tão dissonante com a minha experiência. Um banho de humildade sempre faz bem. E a convivência com pessoas melhores do que nós costuma ser perfeita para isso. Por isso que nunca vou deixar de ver a Rosane de Oliveira como a minha eterna guia rumo ao texto à Setti.
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