O dia se espatifa: Maestria

domingo, 11 de junho de 2006

Maestria

Nasci com uma certa facilidade para aprender línguas e me expressar pela escrita. Mas tem coisas que ainda não consigo – nem sei se algum dia conseguirei – fazer. Escrever assim, por exemplo, como o mestre Flávio Tavares.
(...)

A grotesca fuzarca na Câmara Federal mostra que a reforma agrária - um problema profundo - continua como biombo da demagogia formal. Já não vivem dela só os políticos catadores de votos ou os burocratas dos carimbos e pareceres, mas também os que a reivindicam na planície, à intempérie, como "movimento social". O agitador profissional não difere do político profissional: ambos vivem às custas do drama e dele se empanturram como num banquete extravagante. Quanto maior a tragédia, maior a farra!

A reivindicação social ou política que se transforme em vandalismo perde o sentido de reivindicar, deixa de ser protesto e vira torpe arruaça ou patuscada lúgubre.

(...)

7 comentários:

  1. Cássia, ele pode ser mestre, mas, por mim, prefiro não escrever (nem ler) assim.

    Sou advogado, e corro feito louco de petições com juridiquês e advoguês. Coisas do tipo: "data máxima venia", ou "o ordenamento pátrio está firmado sobre pilares constitucionais pétrios", ou, ainda, "Outrossim, alhures e blá, blá, blá".

    E, como leitor, corro feito louco de articulistas, jornalistas, romancistas etc-tistas. que escrevem assim, como esse sr. Flávio Tavares.

    Madame Natascha diria: Em resumo, o que ele quer dizer: "Político e posseiro vive da desgraça alheia". Poupava tinta.

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  2. Não entendi, Lafa. Tu acha juridiquês claro, e isso não?

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  3. Cássia, entendeste um pouco errado o que disse, ou eu disse só um pouco certo o que pensei. :):)

    Não acho juridiquês, e nem como o sr. Flávio Tavares escreve(veu) a melhor forma de se comunicar, ou melhor, de "mandar o recado".

    Quando falo "corro feito louco", quero dizer, "fujo que nem diabo foge da cruz", ou "vampiro foge do alho", ou "mula-sem-cabeça foge do saci" (é que o saci é doido pra jogar água na coitada).

    Aqui em Belém, temos um jornalista, que por muitos fatores, teve que criar um jornal pessoal, chamado "Jornal Pessoal" rsrs.

    É o Lúcio Flávio Pinto. Dá uma buscada no google, e veja como ele escreve. E disso ali que estou falando como se deve "mandar o recado".

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  4. Ah tá.

    Mesmo assim, discordo absolutamente. Acho que o Flávio tem um dos textos mais claros e bem escritos do jornalismo brasileiro. E os dois livros dele são obras-primas que comprovam isso...

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  5. O cidadão dever ser bom mesmo, já que você o chamou de mestre, e, de você, pelo que já li no blog, vem um pensamento refinado, mas é que a linguagem, pelo menos a usada no texto mostrado, é muito meias-voltas-voltas-e-meias para dizer um óbvio "lulante", como diria um amigo meu.

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  6. Ah, e vpcê que gosta de bem se informar, pelo que já vi, vai a procura dos artigos do jornalista Lúcio Flávio Pinto, que falei acima. É uma boa leitura, e te mostrará algumas coisas sobre a amazônia que não sai na Globo & cia.

    Vai ai um, pra começar: http://www.amazonia.org.br/opiniao/artigo_detail.cfm?id=209138

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  7. Gostei do cara, Lafayette, gracias pela indicação. Porém, também concordo com a Cássia: Tavares é para ser lido e apreciado... nem que seja pela lucidez e pela coerência - que andam tããããão em falta hoje em dia :)

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