O dia se espatifa: setembro 2006

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Da vida não-sedentária

Lendo Marley & Eu deitada de lado e apoiada no cotovelo direito, resolvo alongar um pouco a perna esquerda. Estico a dita completamente e fico segurando o dedão do pé com a mão esquerda. Depois de um tempinho, acho que aquilo está um pouco estranho e resolvo conferir com o Márcio:

– Tu consegue fazer isso aqui?

– Claro que não!

– Hm, acho que a ioga deve estar fazendo efeito mesmo.

– Sim, né?

Moral da história 1: Dez meses de ioga fazem muita diferença na vida da pessoa.

Moral da história 2: O Márcio acredita mais no meu corpo do que eu mesma.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Fazendo campanha

Gostei desta idéia do Emiliano e resolvi aderir e divulgar:

Você, que diz que vai votar no Cristovam Buarque, vote nele. Você, que acha a Heloísa Helena é meio louca, meio ingênua, mas boa gente, vote nela. Você tem pena de todos aqueles outros sujeitos que aparecem com 1 minuto regulamentar no Jornal Nacional? Vote neles. Até no Alckmin, se for o caso. Assim aumenta o número de votos válidos e tem 2º turno.
Aproveito e te peço pra clicar aqui.

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Pedindo desculpas?

Da Eliane Cantanhêde, na Folha de S. Paulo de ontem.
A quem interessa?

Recebi centenas de e-mails, vários reclamando de um "complô contra Lula" e perguntando qual o interesse dele e do PT numa lambança contra Serra.

Não sei, mas Ibsen Pinheiro talvez saiba. Ele presidia a Câmara durante a CPI do Collor e virou um potencial adversário de Lula na campanha presidencial seguinte, de 1994. Até que um tal Waldomiro Diniz, assessor de Dirceu e Mercadante, chegou às redações das revistas numa sexta-feira à noite (sem tempo de checar nada direito), com uma conta de US$ 1 milhão no nome de Ibsen. Depois se viu que o US$ 1 milhão era US$ 1 mil. Tarde demais. Ibsen foi cassado, a candidatura evaporou.

Num salto para 2006: Lula vinha franco favorito para ganhar no primeiro turno, alavancando a campanha do PT nos Estados. Por que não dar uma forçada de barra em São Paulo, favorecendo Mercadante e encurralando Serra, potencial adversário do PT em 2010?

Os petistas miraram em Serra, mas acabaram atingindo Lula, que quer pressa no desfecho e anda falando palavrões pelos cotovelos contra o PT. Atrapalhados, não?

Os suspeitos são tantos que caracterizam uma operação conjunta: Freud Godoy (Planalto), Expedito Veloso (Banco do Brasil), Jorge Lorenzetti (churrasqueiro), Oswaldo Bargas (amigão de Lula). E onde arrumaram R$ 1,7 milhão? Como nas novelas anteriores, já foi escalado um culpado: o presidente do PT, Ricardo Berzoini, "chefe" dos bagrinhos. Se eles são amigos pessoais de Lula, isso é "detalhe". Resta saber se Berzoini aceita se imolar sozinho.

Se aparecer algo contra Serra, a PF vai mostrar e a imprensa vai divulgar. Mas o que há até agora, mais uma vez, é o PT jogando sujo e, depois, se virando para livrar a cara de Lula. Na eleição pode colar. Mas a história não acaba aí. Se vier, o segundo mandato virá com "esqueletos no armário" pavorosos.

Tinha citado ela aqui, em 2004.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Culpa judaico-cristã

Feriado estadual. Eu em casa. Sem conseguir não sentir culpa pelos amigos jornalistas ralando na redação.

Logo passa, imagino.

domingo, 17 de setembro de 2006

Wish me luck

Amanhã começo "um novo desafio". Desejo em dobro tudo o que vocês quiserem me desejar neste momento :-)

Merci.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

sábado, 9 de setembro de 2006

Dica de navegação

Aproveitando o gancho do comentário dela aí embaixo, boto finalmente um link pro Chucrute com Salsicha. Não sei como nos "conhecemos" na web, mas desde que a descobri, virei leitora certa do Chatterbox e das delícias do Chucrute.

Dica de leitura

Estou para escrever sobre Alho e Safiras desde que terminei a leitura, na semana passada. O problema é que não consigo pensar em nada mais perspicaz ou inteligente do que "que livro bom". Gostei tanto, que abandonei completamente as outras leituras que estava fazendo. Mas isso não durou muito, porque eu acabei com ele muito rápido.

Fiquei com vontade de escrever algo do gênero "Quero ser Ruth Reichl", mas também não é para tanto. Decidi falar sobre ele hoje assim, meio que de qualquer jeito – até porque não curto muito resenhas que fazem sinopses dos livros – para me livrar dessa pendência mental e porque quero muito que pessoas de quem eu gosto leiam e comentem comigo.

Falar sozinha sobre livro bom é meio chato. Quando conseguir parar mais do que cinco minutos pra falar sobre ele, faço uma resenha adequada no Mundo Livro e aviso por aqui.

PS.: Vocês devem ter notado que o Breve História de Quase Tudo não sai dali da minha lista de "Lendo", né? Não é que o livro seja ruim. O Bill Bryson segue escrevendo tão bem como sempre. O assunto é que é vítima do meu eterno preconceito. Não consigo deixar de lembrar sem saudades das insuportáveis aulas de ciências, física e química do colégio. Um dia eu termino.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Sendo simplista

O simplismo combatido com simplismo. Estou absolutamente convencida de que essa tal apatia política, ou decepção generalizada, como queiram chamar, não passa de ignorância. Frases como "político nenhum presta" são, acredito, um sintoma claro de ignorância social e política. Tanto quanto a convicção de que tudo é culpa do governo. Isso é coisa de quem não tem noção de como a vida funciona.

Quem ainda não se deu conta de que os Executivos e Legislativos são uma representação fiel da nossa sociedade é ignorante. Ou alguém não percebeu ainda que quem elege político mensaleiro é o "cidadão de bem" que faz gato da NET, dá sempre uma enganadinha na declaração do IR, estaciona em vaga de deficiente sem ser, fura fila, anda muito acima da velocidade permitida nas estradas etc?

Não sou contra o direito de se anular o voto, mas não deixo de me decepcionar com quem prefere não se posicionar. Agora, dá licença, companheiro? Eu te dou todo o direito de votar nulo, mas me dê, por favor, o direito de te considerar um covarde e um ignorante. Prefiro me arrepender do meu voto e tentar fazer melhor em dois anos a simplesmente lavar as mãos e repetir, feito um entrevistado lugar-comum de telejornal: "Político nenhum presta".

Pronto, falei.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Meu amigo fotógrafo

Como se não bastasse ser uma das pessoas mais queridas do mundo, o Raul agora está aqui, uma bíblia dos publicitários. Dá uma olhada e vê que lindo o trabalho dele.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Observações sobre hoje à noite

A Adriana Calcanhotto tem uma voz linda, é uma superintérprete, faz composições incríveis, tem uma presença de palco invejável e ainda por cima parece ser uma grande companheira para um chope.

Como eu desprezo o bis compulsório, adorei a atitude da Calcanhotto. Apesar de fazer protocolar saída de mentirinha, voltou antes que a platéia começasse com a chatice do "Volta! Volta!" ou o irritante "Por que parou, parou por quê" e tocou mais três músicas. A primeira, uma lindinha feita para ela pelo Péricles Cavalcanti.

Ah, nesta quarta, ela faz um show extra, às 18h30, para quem não conseguiu ingressos para as outras duas apresentações megalotadas do Em Cena. Os ingressos estarão à venda no Theatro São Pedro.

Comentário mal-humorado: duas meninas do meu lado achavam que a hora da música era a hora de conversar em tom normal. Sobre qualquer coisa. Não por acaso, suponho, elas só cantaram (altíssimo) as músicas que tocaram em novelas da Globo e demonstravam desagrado com as músicas "menos famosinhas" (sic, embora ache que elas escrevam "famozinhas" assim, com zê). É isso que dá democratizar demais a cultura ;-p

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Explicação pra Carol

Vocês podem me ajudar a explicar pra minha irmã – a loira magra, alta, linda (GRRRR) que chegou três anos e meio depois de mim por essas paragens – que os 29 anos que ela fez na sexta só não são melhores do que os 30 que chegam no ano que vem (e os 31, os 32...)?

Minha pequena grande audiência

  • Fuçando nas estatísticas do blog, descobri que O dia se espatifa é o primeiro resultado da busca por "cassia" no UOL Busca. Meio assustador, devo admitir.

  • Este humilde tem tido uma média de mais de 50 visitantes únicos por dia – "cujos quais" não comentam, e a maioria não sei quem são. Hoje soube que um tio, uma tia e um primo queridos estão entre eles.

  • Entre os últimos cem leitores, pintou gente da Itália, da Espanha, de Israel, da Inglaterra, de Portugal, dos Estados Unidos e, claro, do Brasil (Recife, São Paulo e Porto Alegre).

  • E nas ferramentas de busca, ontem chegaram aqui procurando por restaurante chines youyi, buteco cristóvão colombo e diferença entre restaurante e refeitório. Sinal que ando falando muito de comida?
Ei, amigo leitor, que tal uma sessão de apresentação aí nos comentários?

Recordar é viver

Por motivos profissionais, estou às voltas com lembranças do 11 de Setembro de 2001. Eis que fazendo aquela busca básica por "Cássia Zanon" (atire a primeira pedra...) na web, dou de cara com este texto escrito pela Lu Aquino há quase cinco anos para a Revista Press, de Porto Alegre.

O atentado que não abalou o Terra
Luciane Aquino*

Terça-feira, 11 de setembro de 2001. Às 9h, tudo o que eu desejava era um dia calmo para que a redação pudesse se recuperar do caso Silvio Santos e um expresso encomendado ao nosso cyber-café. Minha coluna deste mês, com o tema “O erro na Internet” (desde já prometido para a próxima edição), ia a meio caminho. Três horas depois, meus planos haviam desabado junto com o World Trade Center. E, se você estiver me lendo agora, isto significa que o nosso editor José Luiz Prévidi decidiu esperar que eu entregasse o texto e resistiu à tentação de lançar um 767 contra o sexto andar do Terra, como eu cheguei a temer que ocorresse quando meu prazo para terminar a coluna já tinha vencido há cinco dias.

Neste exato momento, vôo para o Rio de Janeiro. Ao contrário do que esperava, comi a comida de mentira com talheres de verdade, e os procedimentos de segurança no embarque não passaram de uma detida análise da minha carteira de identidade. Mais porque evidentemente a moça não sabia o que estava procurando no documento do que pelas suspeitas que a medonha foto possa levantar.

A pergunta que, baixada a poeira em South Manhattan, ronda a mente de quem trabalha na redação do Terra é: será que estes acontecimentos significarão para a Internet o que foi a Guerra do Golfo para a televisão a cabo? (A comparação é de autoria da editora-assistente Cássia Zanon, mas todos nós já roubamos e tomamos como nossa.)

Na Guerra do Golfo, a CNN se firmou porque foi a única emissora ocidental a permanecer em Bagdá, mas também porque, contrariando o que até então ocorria nas televisões, entendia a sede do público por informação contínua em determinadas ocasiões. A CNN apostou integralmente numa coisa que ninguém fazia em larga escala: jornalismo 24 horas, 7 dias por semana. Ganhou fama de emissora ágil e de credibilidade. O lugar onde alguém deve estar se quiser saber das coisas na hora.

Algo parecido aconteceu com a Internet depois do meu expresso matinal no dia 11 de setembro. Nunca uma cobertura do Terra teve tão bom retorno. O incremento da audiência e as mensagens elogiosas que recebemos dos usuários do mundo inteiro mostram que acertamos na mosca. Tivemos uma audiência maior do que a declarada pelo nosso maior concorrente. Foi um sucesso baseado em dois fatores. O primeiro se deve a uma perfeita sintonia entre a redação e as equipes de telecomunicações e tecnologia: a Terra permaneceu firme quando a maioria da concorrência saiu do ar porque a sua estrutura não comportou o tráfego.
Hoje estou num dos concorrentes do Terra. Minha camiseta é outra, mas não consigo não olhar pra trás e ver com orgulho o trabalho da equipe que eu integrava na época – e que não existe mais.