"É a correria" é a frase que eu mais ouço e mais digo desde que a responsabilidade sobre a minha vida passou para as minha mãos. Nesta semana, não consegui ligar no aniversário do grande amigo que está trabalhando em São Paulo. A correria. Não consegui nem ligar para combinar um almoço rápido com uma amiga. A correria. Deixei de (des)confirmar a ida à praia com outra amiga. Ela, aliás, também não telefonou. Deve estar na maior correria.
Todo mundo está na correria. O tempo todo. Funcionários de carteira assinada, profissionais liberais, freelancers, desempregados, escritores, cineastas, publicitários, advogados, dijêis diletantes, produtores, estudantes, mães, pais, grávidas... Não importa muito por quê, todo mundo está sempre correndo.
Teria até passado pela minha cabeça paranóica que a tal "correria" não passe de uma desculpa esfarrapada se eu realmente não deixasse de fazer tudo o que citei ali em cima e muito mais por causa dessa entidade que me faz estar sempre com agenda lotada. A tal correria.
Não, eu não deixo de sair com amigos e tomar chopes e ir ao cinema e ver pessoas e falar ao telefone e ler livros e assistir à TV e me divertir e meditar (sim, pode acreditar). Só que não faço essas coisas com uma freqüência satisfatória nem com todos com quem gostaria.
E aqui reside a maior contradição: volta e meia entra na minha vida uma nova amiga de infância, um novo melhor amigo. E eu me alegro muito por isso. Mas me entristeço também um pouco. Porque no fundo sei que vai ser mais alguém com quem eu certamente não vou conseguir falar tanto quanto gostaria.
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