Gozado, eu nunca me preocupei muito com isso [se a Capitu traiu ou não o Bentinho]. No Machado de Assis o que sempre me impressiona é a forma. Ele escrevia tão bem e o texto permanece tão absolutamente atual que eu não consigo me preocupar muito com a história. Ontem, lendo o volume 1 de As obras-primas que poucos leram, deparei com a seguinte afirmativa num artigo do Cony de 1972 sobre Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa:
"Todas as grandes obras-primas da literatura têm uma história linear, sem nada de extraordinário. Crime e Castigo é a história de um estudante que assassina uma velha para roubar. Dom Quixote nem enredo tem: é um louco de meia-idade que sai pelo mundo procurando briga à toa. Madame Bovary é a mulher de um médico provinciano que arranja um amante. E daí?"
Embora ache que o próprio Cony desminta o "todas as grandes obras-primas" no seu Quase Memória, em que a história (autobiográfica, é verdade) compete com o estilo, o princípio é este mesmo. Tem coisas que eu gosto de ler só pra ver a "miséria" que dá pra fazer unindo as palavras certas umas as outras. E sonhar se algum dia eu conseguiria fazer coisa parecida...
quarta-feira, 2 de novembro de 2005
Da série comentários que viram posts
Ficou com tanta cara de post o comentário que fiz no blog da Fer, que eu achei melhor botar aqui também :-)
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