Passei o dia rouca por causa da gritaria no estádio ontem. Torci feito uma doida pro Inter ganhar do Palmeiras. Nem tanto pelo Brasileirão em si (vá lá, eu ainda acredito em milagres), mas pelo medo de ser tachada de pé frio e acabar sendo vetada no Beira-Rio pelo Márcio e seus parceiros para o resto da existência.
Para mim, ir a um jogo é uma experiência quase religiosa. É impossível não se envolver na emoção com aquela multidão vibrando a cada gol, a cada lance perigoso, a cada porcaria cometida pelo juiz, a cada resultado paralelo favorável ao time.
Fui a alguns bons shows de rock, a muitas missas, a várias peças de teatro, a incontáveis sessões de cinema nesta vida, e posso garantir que nada disso jamais chegou à unha do pé de uma partida de futebol com estádio lotado. Mesmo que mais da metade lá dentro tenha uma paixão comedida (como a minha) ou esteja mais interessada no picolé ou no cachorro-quente ou no amendoim torrado.
No dia seguinte, tem a inevitável flauta do adversário. Não interessa qual tenha sido o resultado. Qualquer resultado. Sempre, sempre, sempre vai ter flauta. É a seqüência da brincadeira. É parte do jogo. O apito dos 45 do segundo tempo serve praticamente só para demarcar o instante exato da tocação de flauta. E eu levo a flauta na boa.
Claro que me irrito (senão não seria flauta), claro que me esforço pra irritar (senão não seria flauta). Mesmo a gozação mais ríspida (e hoje teve de monte, dos dois lados, aqui na terrinha, com o Grêmio voltando à primeira divisão e o Inter segurando mais um pouco a chance – ainda que remota – de se sagrar campeão) faz parte do jogo, faz parte da paixão.
Agora, a criatura se prestar a entrar num blog e fazer comentários racistas, preconceituosos e grosseiros e ainda por cima não se identificar é não ter noção. É um atestado absoluto de falta de civilidade. E, na boa, nem a torcida do Grêmio, nem a torcida do Inter merecem esse tipo de coisa, de nenhum dos lados. Foi por isso, e só por isso, que eu apaguei os comentários agressivos feitos no post logo abaixo. Por isso e, claro, também porque o blog é meu, e aqui mando eu.
Ah, e pra não dizer que não falei das flores, nada me deixa mais feliz (no campo futebolístico) do que saber que ano que vem tem Gre-Nal garantido! ;-)
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