O dia se espatifa: maio 2006

quarta-feira, 31 de maio de 2006

Clichês

Não curto falar de política aqui, mas não agüento mais ler e ouvir...
  • que todo político é ladrão
  • que o Diogo Mainardi é um pulha, um mentiroso, um tosco
  • que o Lula não sabia de nada
  • que o Brasil não tem jeito
  • que a solução é o voto nulo
Dá pra virar o disco, shfaishfavoire?

domingo, 28 de maio de 2006

Embasbacante

Caché é daquele tipo de filme que não te larga, que te obriga a ficar até o final dos créditos digerindo as informações das últimas duas horas, que te perturba de tal modo que te faz rever certos aspectos da tua vida. Caché não vai embora, não adianta.

Isso porque o filme mexe com aquelas coisas que costumamos deixar quietas, paradinhas lá no fundo da memória, de preferência trancadas a chave. Sabe aquelas crueldades que fazemos na infância e das quais algum psicólogo/psicanalista/psiquiatra nos convenceu depois de muitas sessões – e muita grana – que não tínhamos culpa? Que não sabíamos o que estávamos fazendo. Pois é.

Caché nos faz pensar que aquelas mentirinhas brancas que contamos – ou as verdades “desimportantes” que deixamos de mencionar – para facilitar a convivência com a família, os colegas de trabalho e os amigos podem acabar virando armas contra nós mesmo. Também cutuca aquele preconceito contra o qual lutamos diariamente e que nos faz interpretar muitas coisas equivocadamente.

Foi o melhor filme que vi nos últimos tempos.

O que tu tá fazendo aí?

Sai da frente do computador AGORA e vai ver Caché. Agora!

Cansei...

... e saí do Orkut.

sexta-feira, 26 de maio de 2006

Questão de ponto de vista

Sabe aquelas pessoas muito quietinhas, que todo mundo que conhece diz que é "superbonzinho" e "incapaz de fazer mal a uma mosca"? Pois é. Eu vejo como aquele tipo de gente que um dia entra no escritório com uma submetralhadora e mata uns 15 antes de estourar os próprios miolos.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Por mais que eu leia, ouça e veja...

Faz horas que não consigo escrever nada que preste. Não é falta de ler, ouvir, ver, de prestar atenção ao mundo e às coisas que estão acontecendo. Imagino que seja o tal bloqueio de escritor – relevando-se o fato de que eu não sou escritora. Lendo os blogs amigos não paro de me sentir uma inútil porque não estou conseguindo me emocionar/indignar/encantar suficientemente a respeito de nada a ponto de querer escrever sobre o assunto. Também tem o superego que sempre atrapalha, claro.

Outro dia, por exemplo, a apresentação da edição de 2004 de um livro da Oriana Falacci que o Márcio comprou em Buenos Aires me deu uma vontade doida de escrever sobre a maldição do politicamente correto que hoje nos impede de ter raiva de bandido e terrorista, do medo que sentimos de ferir suscetibilidades e parecer que estamos pendendo para a "direita".

Jornalista de reconhecimento internacional e com posicionamentos desde sempre corajosos e contrária a qualquer tipo de fascismo e arbitrariedade, ela escreveu com raiva sobre os ataques terroristas de 11 de setembro e foi atacada por todos os lados por causa disso. Confesso que ainda não tive tempo de processar a idéia toda, mas estaria sendo hipócrita se dissesse que não me identifiquei com o que ela escreveu.

Queria poder escrever com clareza sobre a complexidade do mundo e esta sempre presente sensação de impotência por não conseguir compreender o que acontece, por mais que leia, ouça, veja. Lembro das aulas de geopolítica e história de que tanto gostava no colégio, numa época em que a estrutura de tudo era tão mais simples. De antes de 1989, quando a divisão mundial era tão mais clara, e o mundo tinha mais do que um dono. Era péssimo, mas eu compreendia. Hoje é péssimo, mas eu não sei ainda mais muito bem por quê. Por mais que eu leia, ouça. veja.

Enfim, queria fazer o que estou fazendo agora, mas o meu lado jornalista me diz que assim não se faz. Que é preciso pesquisar, buscar fontes, comparar informações, encontrar o que estiver mais perto da verdade, dar os dois lados. Meu lado tradutora me diz que preciso pensar muito nas palavras que vou usar. Meu lado supercrítico fica gritando que escrever com o coração tende a resultar num texto frágil, facilmente desmontável, e do qual eu provavelmente venha a me envergonhar logo ali em frente.

Azar, vai assim mesmo.

Sinal de decadência?

Quase ninguém mais comenta nada por aqui. E agora deu pra aparecer spam.

Vou acabar me rendendo às senhas de verificação que eu disse que me irritam.

:-(

segunda-feira, 22 de maio de 2006

Mais do mesmo

Estou entrando em mais uma daquelas fases de dead line de tradução. Tendo a ficar mais reticente. Ou mais falante.

Só pra avisar.

sexta-feira, 19 de maio de 2006

Que cansaço

O Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul vai fazer um "Congresso Regional de Jornalistas". Na programação de palestras, NENHUM dos convidados é jornalista da RBS, o maior grupo de mídia do Estado. Tem o Franklin Martins, mas provavelmente porque saiu da Globo e vai falar mal do Diogo Mainardi.

Estou pensando em fazer uma camiseta dizendo:
O sindicato da minha categoria me odeia

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Mania minha, fazer o quê

Sou uma histérica pelo uso preciso das palavras. Principalmente no jornalismo. Já deixei de dar muita manchete "quente" por causa disso, mas pelo menos durmo tranqüila em relação a isso todas as noites.

So shoot me, mas acho que a imprensa teve (tivemos) grande parte da responsabilidade pelo caos que tomou conta de São Paulo na segunda. O comentário é faísca atrasada porque eu ainda estava processando a coisa toda.

Nada me tira da cabeça que o mau uso de palavras fortes teve um grande peso no processo todo. Aliás, já tinha falado sobre isso no ano passado.

Editorial emprestado

Como ex-cidadã paulistana, na segunda-feira eu tinha suspeitado de que o tal "caos" de que toda a imprensa estava falando era uma coisa meio fake, já que a barra pesada mesmo tinha sido no fim de semana. Eis que hoje li este post do fofo Emiliano Urbim que corroborou a impressão que eu tive a mil e duzentos quilômetros de distância.
O dia em que São Paulo se cagou

Os ataques do PCC começaram na noite de sexta para sábado, mas aparentemente só na manhã de segunda, quando eles já haviam terminado, os paulistanos sentiram a ficha cair.

Nos elevadores, nos corredores, nos bebedouros, não se falava em outra coisa. Em meio ao caos, todo o boato virava notícia -até porque, até prova em contrário, podia muito bem ser. Hipotéticos tiros de hipotéticas metralhadoras em hipotéticos alvos (faculdades,shoppings, estações de metrô, aeroportos) foram divulgados em tempo real por MSN e e-mail. No auge do surto, uma colega de redação chegou a anunciar uma explosão de bomba no centro -era no centro de Bagdá.

Logo depois do almoço em várias áreas de comércio de rua da cidade teve início um toque de recolher espontâneo -irresponsavelmente atribuido à ordem policial por alguns meios de comunicação. O resultado foi um recorde de quilômetros engarrafados -todos que podiam foram pra casa mais cedo. De preferência, para chegar antes das 21h, hora do ataque anunciado em um SPAM.

Acompanhei notícias o dia inteiro no UOL e na CBN, mas só quando cheguei em casa às 18h (cagado, como todo mundo), soube que o PCC anunciou o fim das hostilidades ao meio-dia. Na TV, o apresentador José Luís Datena altertava para que não acreditássemos em tudo que andava circulando pela internet. Isso: o normalmente histérico Datena estava pedindo calma.

Eu nunca havia entendido como os nova-iorquinos tinham surtado quando Orson Welles fez sua versão de Guerra dos Mundos pelo rádio em 1938. Até hoje.
No dia do "horror", não conseguia parar de lembrar do fato de que um monte de prédios foi evacuado em São Paulo em 11/9/2001 e nos dias seguintes.

Diquinha

Lindo, lindo, lindo! Só assim pra descrever o trabalho da Infinito, que leva o talento à indústria e vice-versa. Mesmo para quem, como eu, não está nem de um lado nem de outro, vale a visita...

quarta-feira, 17 de maio de 2006

Da interminável série...

... coisinhas bestas que me irritam:
  • Gente que não põe recado na secretária eletrônica do celular, o que nos obriga a ouvir o número declamado pela robozinha da operadora
  • Aquelas letrinhas de confirmação antispam, principalmente quando não dá pra ler direito, como nos comentários dos blogs do UOL
  • Programas e sites que nos lembram de vez em quando que talvez seja melhor mudar a senha
  • Quem pega elevador pra descer ou subir um só andar – sei que eu já disse isso vááááárias vezes, mas isso me irrita muito
  • E-mail com antispam que pede pra gente dizer que é a gente mesmo
Pra compensar, coisinhas bestas que me alegram:
  • Dia de céu azul e temperatura amena
  • Criança educada e risonha
  • Jogar conversa fora no trabalho
  • A recepção dos cães ao chegar em casa depois de passar o dia fora
  • Receber e-mails, mensagens e comentários de amigos
  • Ter voltado de férias há três dias e ainda não estar querendo sair de férias de novo

terça-feira, 16 de maio de 2006

Problema sério

Estou lendo três livros ao mesmo tempo – além do que estou traduzindo. Isso quer dizer que não consigo terminar nenhum deles nunca. E estou doida de vontade de começar um quarto.

* Suspiro *

Voltando a mil

Eu brinco às vezes que me sinto menos jornalista à cada dia. Por que é então que montar um especial como este em menos de quatro horas me deixa tão empolgada?

Mesmo com um assunto tão árido e assustador, não posso deixar de admitir que trabalhar com informação é sempre bom demais. E quando se trabalha ao lado de gente divertida e competente como a turma de , a coisa fica melhor ainda.

Azar, tava com saudade.

segunda-feira, 15 de maio de 2006

Origem etimológica de Montevideo

Depois de receber alguns e-mails desaforados por manter o suspense por tempo demais (na verdade foram dois só, mas preciso me valorizar), resolvi contar de uma vez qual é a origem do nome da cidade, segundo a minha guia, a Paula.

Disse-nos ela que quando o Teatro Solís, quer dizer, Juan Díaz de Solís, tipo assim o Pedro Álvares Cabral deles, deu de cara com o Rio da Prata nos idos de 1515, encasquetou que a coisa ia dar no Oceano Pacífico e saiu percorrendo o dito com sua caravela ou a embarcação que o valha. Como navegava por águas inéditas, o grupo achou por bem ir marcando o território. Sabendo pela história de João e Maria que jogar miolo de pão não ia dar muito certo, os amiguinhos espanhóis foram contando os pontos mais altos do relevo por que iam passando. E anotavam assim no mapa que iam fazendo:


Monte I DEO (Onde DEO significa De Este a Oeste)
Monte II DEO
Monte III DEO
...

E assim por diante, como diria Vonnegut.

Ocorre então que, em 1726, quando fundou-se a cidade à margem do Rio da Prata, sem saber que nome dar ao lugarejo que viria a abrigar o Mercado del Puerto, um imitão qualquer foi olhar os mapas feitos dois séculos antes para se inspirar e achou que o nome já tinha sido dado:


Monte VI DEO

Enfim, foi o que disse a Paula aos sete gatos pingados que participamos do passeio guiado pela capital uruguaia. Ressalte-se, porém, que alguns fatos foram alterados pela blogueira para melhor efeito dramático. Na Wikipedia tem ainda outra explicação, mas achei esta aqui mais bonitinha. Além disso, se eu não puder confiar na guia do único city tour que fiz na vida, em que mais poderei confiar?

*
E acabaram-se as férias.

Devo ter mais coisas – e pique – pra contar/comentar/palpitar a partir de agora.

quinta-feira, 11 de maio de 2006

Impressões da viagem

Montevidéu
  • Visita ao Teatro Solis. Lindo, lindo, lindo. O prédio foi recentemente recuperado e deixa o Colon, de Buenos Aires, com o perdão da expressão, no chinelo. Não vimos nenhuma apresentação – nos dias em que estávamos lá nada nos interessou –, mas a visita guiada custa o equivalente a R$ 2 e vale muito a pena.
  • Caminhada pela rambla em Pocitos com um dia lindo de outono
  • Passeio pela feira da Villa Biarritz, uma espécie de Brique da Redenção em volta de uma praça ou uma feira da Benedito Calixto maior e menos claustrofóbica
  • Peixe espada ao molho de roquefort no restaurante El Viejo y El Mar com panqueque de manzana de sobremesa
  • Paella Valenciana no Mercado del Puerto com uma maravilhosa sangría que me deixou meio zonza o resto do dia
  • Simpático "restobar" com show de Jazz na Ciudad Vieja: Don Trigo.
Buenos Aires
  • Show do Les Luthiers, no Teatro Gran Rex
  • Caminhada do Centro à Recoleta, com a casualidade de chegarmos ao cemitério (que estava fechado quando estivemos lá há 10 anos) no dia do aniversário de nascimento da Evita. Ficou mais fácil achar o túmulo
  • Almoço em San Telmo, no La Brigada. O melhor Chorizo do universo todo está ali
  • Perdi a de Sampa, mas vi a Cow Parade do Puerto Madero, com direito a foto ao lado da "Barbie Q".
  • Passeio pelas Galerias Pacífico
  • Feira do Livro. Pegamos o último dia, e valeu muito a pena. Eu estava dura, e a minha pilha de livros a ler já está grande demais para o meu gosto. Acabei comprando só uma coletânea de contos de escritoras de língua espanhola, entre as quais estão duas que eu conheço e de que gostei: Ángeles Mastretta e Rosa Montero: La Vida te Despeina. O Márcio comprou vários livros e se esbaldou na banca da El Gráfico, com revistas especiais a cinco pesos (menos de R$ 5) cada.
Considerações
  • Dois dias em Montevidéu são o suficiente. A cidade é linda, as pessoas, educadíssimas, mas não tem muita coisa para fazer
  • O Hotel Ibis é honesto, honesto. Prático, porém funcional, sem frescuras, baratinho, limpinho, novinho. Um McDonald's do sistema hoteleiro ;-)
  • O Hotel Grand King em Buenos Aires é ok. Mas o serviço não poderia ser mais grosseiro. Aliás, o serviço em Buenos Aires...
  • Por mais charme que tenha o "a céu aberto" da nossa Feira do Livro, o conforto de andar por uma feira fechada como a de Buenos Aires – e a Bienal do Livro de São Paulo – é quase uma situação Mastercard. Se não soubesse que ia apanhar, começaria agora a campanha "Transfiram a Feira do Livro TODA para o Porto"
  • Cafés são sempre bons em Buenos Aires. Mas o La Brioche Dorée, que tem dentro das "Ateneos", além de gostoso – tem o melhor croissant com presunto e queijo EVER – fica dentro das "Ateneos"
  • Tive que rever meu preconceito contra city tours. Fiz um em Montevidéu, que ainda não conhecia, e o passeio me poupou de grandes caminhadas inúteis para ver coisas sem graça, como o Estádio Centenário... Além disso, aprendi coisas que não tinha lido antes, como, por exemplo, por que a cidade se chama Montevidéu. Vocês sabem? (Tu não vale, Martin)

quarta-feira, 10 de maio de 2006

Viajar é bom...

... mas voltar pra casa é melhor ainda.

Assim que arrumar a minha vida, conto os melhores momentos por aqui.

segunda-feira, 8 de maio de 2006

Vida dura

Amanha (nao achei o til no teclado) é o nosso último dia de Buenos Aires. Ainda nao (lembra que nao achei o til?) sabemos exatamente aonde vamos, já que o que queríamos mesmo fazer já fizemos, mas já dá para saber que vamos comer, caminhar, descansar, tomar café e comprar um pouco também. Tudo isso em seqüência e alternadamente.

Quem disse que rotina de férias é coisa fácil?

quinta-feira, 4 de maio de 2006

Desde el oriente

Montevideu es encantadora. La internet del hotel é barata. Mas tengo más cosas a hacer que escribir. Conto tudo en la vuelta.

¿Sentieron como estoy me comunicando?

terça-feira, 2 de maio de 2006

E eu me pergunto...

... será que quando ricos tiram férias e ficam em casa aparece vazamento no banheiro e na cozinha?

Moral da história

Vi ontem O Jardineiro Fiel. O filme é bom, mas a moral da coisa pra mim foi que o Brasil perdeu em 2002 de ter o presidente com mais c*lhão (pardon my French) da História. Porque o Serra foi muito macho de peitar a indústria farmacêutica...

Eu já achava, mas depois de ver o filme, achei mais ainda. OK, EU SEI QUE É FICÇÃO, MAS ME DEIXA.

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Da série morro e não vejo tudo

Nada pode ser mais patético do que a greve de fome do Garotinho. Com aquela reserva de gordura, vai levar umas duas semanas até ele começar a passar mal...

Aliás, enquete: você acredita que o Garotinho não vai comer escondido?

É batata

Pergunta típica de quem não costuma ler ao ver as estantes cheias de livros aqui de casa: "Nossa, vocês já leram tudo isso?" Lembrei disso depois de ler este texto do André Laurentino.

Link Novo

cassiazanon.blogspot.com

Zerando os contadores

A data da mudança de endereço não foi escolhida por acaso. Há três anos, em 1º de Maio de 2003, eu e a família voltávamos de mala e cuia para Porto Alegre depois de uma experiência de um ano e meio em Sampa.

Como o dia deu sorte, resolvi repetir.