O dia se espatifa: Editorial emprestado

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Editorial emprestado

Como ex-cidadã paulistana, na segunda-feira eu tinha suspeitado de que o tal "caos" de que toda a imprensa estava falando era uma coisa meio fake, já que a barra pesada mesmo tinha sido no fim de semana. Eis que hoje li este post do fofo Emiliano Urbim que corroborou a impressão que eu tive a mil e duzentos quilômetros de distância.
O dia em que São Paulo se cagou

Os ataques do PCC começaram na noite de sexta para sábado, mas aparentemente só na manhã de segunda, quando eles já haviam terminado, os paulistanos sentiram a ficha cair.

Nos elevadores, nos corredores, nos bebedouros, não se falava em outra coisa. Em meio ao caos, todo o boato virava notícia -até porque, até prova em contrário, podia muito bem ser. Hipotéticos tiros de hipotéticas metralhadoras em hipotéticos alvos (faculdades,shoppings, estações de metrô, aeroportos) foram divulgados em tempo real por MSN e e-mail. No auge do surto, uma colega de redação chegou a anunciar uma explosão de bomba no centro -era no centro de Bagdá.

Logo depois do almoço em várias áreas de comércio de rua da cidade teve início um toque de recolher espontâneo -irresponsavelmente atribuido à ordem policial por alguns meios de comunicação. O resultado foi um recorde de quilômetros engarrafados -todos que podiam foram pra casa mais cedo. De preferência, para chegar antes das 21h, hora do ataque anunciado em um SPAM.

Acompanhei notícias o dia inteiro no UOL e na CBN, mas só quando cheguei em casa às 18h (cagado, como todo mundo), soube que o PCC anunciou o fim das hostilidades ao meio-dia. Na TV, o apresentador José Luís Datena altertava para que não acreditássemos em tudo que andava circulando pela internet. Isso: o normalmente histérico Datena estava pedindo calma.

Eu nunca havia entendido como os nova-iorquinos tinham surtado quando Orson Welles fez sua versão de Guerra dos Mundos pelo rádio em 1938. Até hoje.
No dia do "horror", não conseguia parar de lembrar do fato de que um monte de prédios foi evacuado em São Paulo em 11/9/2001 e nos dias seguintes.

4 comentários:

  1. Cássia
    Eu estava em São Paulo no dia 11.9 e no centro da cidade nenhum prédio foi evacuado. Não teve isso.
    E na segunda-feira o clima era de loucura sim. Aliás, tente ver o Globo Repórter hoje, que poderá dar uma visão com alguns dias de distância.

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  2. Só o prédio do Terra em São Paulo foi evacuado bem umas três vezes naquele período...

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  3. Na real, não estou dizendo que não houve pânico. Pelo contrário. Claro que houve pânico. Porque a imprensa pintou um quadro de violência explícita nas ruas, quando, na verdade, o que havia nas ruas era... o pânico.

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