O dia se espatifa: Congonhas e o Kid Trovão

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Congonhas e o Kid Trovão

E eu aterrissei em Congonhas. E, creio que junto com todos os outros passageiros, suspirei de alívio quando o avião parou na pista. E ele parou muito rápido, muito mais do que o normal, depois de um vôo impecável da Varig. E vi, no caminho para o hotel, a cena desoladora do prédio atingido pelo avião, anteontem. E descobri pelos queridos amigos que me deram carona (numa daquelas agradáveis coincidências que a vida nos proporciona) que, enquanto eu estava no ar, foi divulgada uma possível irresponsabilidade da TAM. E cheguei ao hotel exausta, só então percebendo o quanto o monte de comentários sobre a tragédia e os "que coragem, hein?" "tem certeza?" e "não dá pra adiar" dos amigos e conhecidos me deixaram tensa.

*

Lá em cima, comecei a leitura do so far delicioso Vida e Época de Kid Trovão, do meu ídalo Bill Bryson, de quem eu ainda não acabei de ler o podre de interessante Breve História de Quase Tudo, que consumo em doses homeopáticas há um ano e meio e está criando teia de aranha ali na esquerda e do qual já falei aqui.

Quer uma amostrinha do livro - que traz a visão bem-humoradíssima do autor sobre os Estados Unidos dos anos cinqüenta? Sente só (na tradução de Bruno Gomide, para a Cia. das Letras):

Os banheiros do Bishop's tinham as únicas privadas atômicas do mundo - ao menos as únicas que encontrei. Quando se dava a descarga, o assento levantava automaticamente e entrava numa reentrância na parede com a mesma forma do assento, onde era banhado numa luz púrpura que vibrava dum jeito tépido, higiênico, de avançada tecnologia, então descia de volta com suavidade, impecavelmente desinfetado, agradavelmente aquecido e praticamente pulsando com termoluminescência atômica. Só Deus sabe quantos iowanos morreram de casos inexplicáveis de câncer na bunda durante os anos 1950 e 1960, mas valeu cada nádega ressequida.

2 comentários:

  1. Pra ilustrar, um conto premunitório:
    "Aeroporto de Congonhas, uma, duas, várias vergonhas", de Carlos Eduardo Novaes, escrita em 1976.
    Eu li moleca, no "Para Gostar de Ler".
    abçsss
    Melissa

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