O dia se espatifa: Diga-me como te portas num bufê...

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Diga-me como te portas num bufê...

Sabe Deus por quê, sempre gostei de ler sobre etiqueta. Em casa sempre houve livros sobre o assunto e, quando menina, com 12, 13 anos, eu achava fascinante aprender como arrumar diferentes tipos de mesa, sobre como se vestir adequadamente para ocasiões sociais e que tipo de pratos servir e quando. Não lembro da autoria desses livros, mas, como resultado dessas leituras adolescentes, nunca me apavorei ao ver uma fileira enorme de talheres ao lado dos pratos, sempre botei o guardanapo no colo na hora da refeição e, apesar de não ter tido (nem querido ter) a oportunidade, não me apertaria para comer escargot.

Claro que o fato de conhecer as regras de bom convívio social não significa que eu as cumpra sempre. Eu falo alto, falo mais palavrões do que gostaria, cometo gafes e indiscrições (que atire a primeira pedra...) e como muito rápido – entre tantos outros defeitos que vou parar de listar para não começar a ter problemas de auto-estima. Mas tem uma regrinha básica que procuro cumprir sempre, em todos os momentos da minha vida: se alguma atitude minha pode afetar a vida de outra pessoa, presto bastante atenção e tento ser o menos intrusiva possível.

Com essa premissa em mente, acredito que, se tem um momento da vida de uma pessoa em que o caráter mais profundo se revela, este é o bufê. No almoço de ontem presenciei uma sucessão de atitudes que me deixaram com medo, muito medo, pela humanidade. Porque se as pessoas agem de um jeito bárbaro no momento sagrado que é a refeição, calcule-se o que faz no resto do tempo. Vai daqui, portanto, meu Pequeno Manual de Comportamento em Bufês, que eu mesma procuro cumprir à risca, porque, como já disse, a forma como me porto ali diz muito sobre mim.
1 - Não mexa nos cabelos enquanto está se servindo. Também não coce a cabeça, não coce o nariz, não espirre ou tussa sobre a salada.
2 - Antes de começar a se servir, dê uma olhada geral nos pratos que estão ali e monte mentalmente o prato antes de entrar em ação. Isso vai evitar que você (1) se sirva de mais do que o necessário, (2) misture coisas improváveis como moqueca de peixe com porco agridoce (eu já vi isso num prato), (3) irrite os apressadinhos ao tentar decidir tudo na hora e demorar muito fazendo isso.
3 - Quando for se servir de alimentos em pedaços, pelo amor de Deus não cutuque trocentos pedaços antes de se servir de um. Também não revire todos e busque aquele que está lá no fundo. Se quiser o pedaço de frango sem pele, deixe para tirá-la no seu prato.
4 - No caso de pratos inteiros, lembre-se de que várias pessoas vão se servir também e vão pagar o mesmo preço que você. Por isso, nada de tirar toda a cobertura de queijo queimadinho da lasanha ou se servir apenas do recheio da quiche ou (isso eu vi ontem, juro) varrer 80% das ameixas que estão sobre o manjar de coco de 12 porções para dentro do seu prato.
5 - Mesmo que você tenha horário e esteja atrás de um lerdo (um erro não justifica outro), não cole na traseira da criatura nem fique bufando na nuca do colega comensal.
Tem uma crônica do Verissimo sobre bufês que é leitura obrigatória para os interessados no assunto. Infelizmente, não encontrei o texto online para reproduzir aqui, mas, se não me engano, ele está no livro A Mesa Voadora.

Os comentários estão abertos para mais itens. Almoçando há pouco com o pessoal do trabalho, a Roberta lembrou de uma coisa que ela abomina: encostar a concha de servir feijão no arroz do próprio prato e, ao pegar o feijão, deixá-lo cheio de grãos de arroz.


7 comentários:

  1. Bah, ainda bem que eu não sou a única maluca a reclamar disso. Não costumo ser uma pessoa apressada, mas tem gente que leva meia hora se servindo. Pra pessoas como eu que tem que almoçar e voltar rapidinho pr trabalho é o "Ó". Nunca vou esquecer de um dia eu me servindo e a senhora da frente enfiou a mão inteeeeira na cuba das batatas fritas.... pergunta se eu consegui almoçar??? Dei as costas e fui comer em outro lugar.

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  2. MEU DEUS! Eu sei que tu não vai acreditar, mas eu fui almoçar sozinha às 13h30 e subi pensando em comentar contigo - encomendar um post pro teu blog, na real - justamente sobre os lerdos de bufê. Segue a mesma premissa dos lerdos de elevador. Hoje teve um cara que conseguiu a façanha de empacar a fila DO SUCO! Ele não apenas ficou no uni-duni-tê sobre qual suco pegar, mas também serviu DOIS copos do diet beeem devagarinho enquanto o resto do povo esperava com as bandejas na mão atrás. Afffff.

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  3. Fabiana Velloso25/04/2008, 14:29

    Nossa! A cada dia me convenço de que o problema não está nas regras de etiqueta, mas no individualismo das pessoas. Certas coisas só acontecem pela preocupação com o próprio umbigo. Se as criaturas passarem a pensar no "cara ao lado" não vão cuspir e espirrar na comida, não vão enfiar a mão na cuba do buffet, não vão cutucar alimentos nem sequestrar recheios e coberturas. Isso não requer leituras nem dedicação, mas aquilo que se forma junto com o ser humano: o caráter.

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  4. Eu também sempre tive a mania de ler livros de etiqueta.Trabalho em um hotel e vejo tudo o que tu discreveu e mais um pouco em festas.Adorei o teu manual de comportamento em bufê.Demonstrar consideração com as otras pessoas é tudo.

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  5. Em se tratando na nossa querida "graxa" tenho que discordar do item 3. Às vezes tem que dar uma cutucada para levar o menos pior hehe

    Eu nunca li um livro de etiqueta, mas gosto do assunto. Sou leitora assídua da Célia Ribeiro ;)

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  6. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!!
    - eu bufo atrás dos lerdos!!!!!
    - o bufê que eu freqüento é tão apertado e as bandejas tão baixas, que as bolsas pendem sobre elas, correndo o risco de cair em cima da moqueca!!!!!!!
    - Misturar moqueca de camarão com carne de porco? hahahahahahahaha! Um dia eu misturei macarrão com arroz [fui execrada! rsrsrsrs]
    bjs
    Mel

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  7. [...] servir várias criaturas. Achei, portanto, desnecessário reescrever o que já havia escrito em 25 de abril de 2008 neste mesmo. Replico o texto abaixo, para que não seja necessário ao querido e qualificado leitor [...]

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