O dia se espatifa: 1 Fronteiras do Pensamento

quarta-feira, 21 de março de 2007

1 Fronteiras do Pensamento

Luc Ferry & Paulo Renato Souza

1.1 É indescritível a sensação de participar de um evento como o que começou ontem em Porto Alegre simplesmente como público, sem compromisso jornalístico de escrever alguma coisa sobre, de contar como foi, de pensar num lead. Ainda que, admito, eu tenha destacado mentalmente alguns pontos que não poderiam ficar de fora da matéria. É o vício. Um dos destaques: o fato de o Luc Ferry ser um crítico veemente do construtivismo. Viva! Sempre achei uma bobagem sem fim aquele papo de "cada aluno com seu ritmo".

1.2 Achei uma pena ter lido metade do Aprender a Viver antes da palestra do Ferry. Apesar de excelente, a palestra do homem É o livro. Não tive surpresas, pois, com a maior parte do que ele falou, o que foi meio ruim. Em compensação, retomei a leitura com outros olhos. Ficou bem mais clara, por exemplo, a diferenciação que ele faz entre filosofia e religião.

1.3 Tenho a maior das boas vontades com o Paulo Renato Souza. Mas não deu. E não só pela comparação com a palestra anterior. Foi ruim mesmo, descolado do contexto da primeira palestra. Será que eles não se falaram antes? Será que o Paulo Renato já tinha lido antes o que leu para o público? Fora que eu sofri horrores com o contrangimento de ver metade da platéia se levantar e sair no meio. Não consigo fazer isso. Nem em filme.

1.4 Só europeus podem manter a elegância com cortes de cabelo como o do Ferry?

1.5 Surpresa boa: meu francês ainda dá para o gasto. Consegui acompanhar toda a fala do Ferry sem os fones (os aparelhos imitam de um jeito meio ridículo o i-Pod!). Das duas uma: ou eu andava subestimando o meu domínio do idioma, ou ele só usa vocabulário do "Livre 1".

1.6 Além das palestras, tive o prazer de conversar com gente tão querida e interessante como a Ana Guerra, o Bel Merel, a Dodô Dornelles, a Tânia Carvalho, o Gilberto Perin, a Alice Urbim, a Marlise Aúde, o Roger Lerina e o Walter Galvani. O projeto "Reaprendendo a pensar" tem também, portanto, um módulo bacana chamado "Rever pessoas legais".

9 comentários:

  1. Agradeço muitíssimo a menção honrosa. Na próxima sentaremos juntas, para tricotar. Saí de lá zonza, caminhando em círculos, e hoje mesmo comprarei o livro do Luc.
    E tentarei (juro) começar um novo blog, menos pessoal, para evitar os stalkers de plantão.
    A noite ontem foi mágica, e adorei te encontrar.
    bjocas
    Ana G

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  2. Cassia, a mae voltou de la ontem animadissima tbm! Falou que foi um sucesso e que ja esta louca que chegue terca-feira que vem logo...
    Deve ser fantastico mesmo!
    Muito show o teu resumo, espero que toda a quarta seguinte aos encontros tu possa nos dizer o que houve na noite anterior, ne?!
    Bjao, mto show!!!

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  3. ufa... pensei que tu tinha dito que o teu frances era o luc ferry. baideuei, sou mais o marcito! :)

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  4. primeiro grau construtivista: nunca me desentendi, de verdade, com um professor. aprendi mais e com mais gosto do que em qualquer outro momento da minha vida. nunca me diverti tanto em uma instituição de ensino.

    segundo grau e faculdade(s): eternamente testando as regras idiotas inventadas por professores incompetentes e diretores autoritários, aprendi mais sozinho do que em sala de aula, não via a hora de me formar e me livrar daquele atraso de vida.

    não tenho intenção alguma de ter um filho, mas se algo acontecer no meio do caminho, farei o possível para que ele estude em um colégio construtivista.

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  5. Antes que eu seja malentendida com o meu comentário para o Solon, achei melhor ser mais clara. Tenho convicção de que o construtivismo só dá certo para poucos alunos, e não são os medianos. E com o teu depoimento, corroboraste a minha tese.

    O problema do "cada um no seu ritmo" é que os lentos acabam ficando para trás sempre, e isso é uma grandessíssema sacanagem com eles. (Sei que pareci mais prepotente do que o normal agora, mas, azar. Tô com sono, e escrever isso de um jeito mais delicado ia dar mais trabalho.)

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  6. Cássia: não sei o quão ortodoxo o João XXIII era (ou ainda é) em relação à teoria construtivista. mas o que acontecia, no meu tempo, era meio que o contrário de os mais lentos ficarem para trás.

    não sei se era apenas uma questão de o colégio escolher, na média, bons professores, ou se realmente existia uma diretriz neste sentido que eles deveriam seguir. mas o normal era que os alunos mais avançados em um determinado assunto simplesmente fossem minimamente gerenciados, com os professores, por assim dizer, apenas lhe indicando o caminho a seguir, enquanto investiam sua força em colocar os alunos mais atrasados no nível esperado deles.

    no meu caso, o termômetro sempre foram as aulas de inglês, tema em que eu sempre estive muito à frente do que o nível ensinado em aula (e antes que alguém ache que estou sendo pouco humilde, aviso que em geografia e história, por exemplo, eu sempre fui de péssimo pra pior que isso).

    nos tempos de João XXIII, o que os professores faziam comigo e outros na mesma situação era nos deixar quietos, eventualmente nos fornecendo algum "desafio" para passarmos o tempo enquanto os outros alunos faziam os exercícios padrão. do segundo grau em diante, todos os professores de inglês que eu tive me puniam (e também a outros colegas) por estar acima da média, ativamente pedindo minha participação em aula, chamando minha atenção e, assim, perdendo tempo que poderia estar gastando com quem efetivamente tinha dificuldades.

    como eu disse, pode ser que eu tenha apenas dado sorte. mas da maneira com que convivi com o construtivismo no colégio, o que acontece é exatamente o contrário de os mais lerdos serem deixados pra trás, é sim o identificar os mais avançados e gastar com eles apenas o mínimo de esforço necessário para indicar-lhes o caminho a seguir.

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  7. affe, quanta repetição de idéias. tenho que começar a escrever os comentários num editor de texto antes de passá-lo para essas caxinhas minúsculas.

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  8. Ah, pois é. Daí sim. Eu tb tive professores assim, mas eles não se autoproclamavam "construtivistas". A experiência que eu tive com isso foi no Anchieta, e o que eu vi acontecer em muitos casos foi triste...

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