O dia se espatifa: Minha mãe, essa figuraça

sábado, 8 de julho de 2006

Minha mãe, essa figuraça

Eu falo muito no meu pai por aqui. Porque ele foi importante, é importante e foi embora muito cedo. Isso não quer dizer que a minha mãe tenha menos importância, mas a verdade é que não falo muito nela, e às vezes me culpo um pouco por isso. Daí me dou conta de que é porque falo muito com ela e, de muitas maneiras, eu sou ela.

Hoje ela faz 59 anos. Às vésperas de se tornar uma sexagenária – palavrinha feia essa –, parece muito mais jovem do que eu e a Carolina – minha irmã (mais nova, mais alta, mais magra e loira, humpf) – juntas. Absolutamente antenada, só não perde muito tempo aprendendo coisas que não quer aprender – navegar na Internet, por exemplo. Dona de uma tolerância excessiva, não tem a menor paciência para o que não a interessa.

Duas vezes por semana fazemos yoga juntas e, preciso confessar, não canso de me espantar com a capacidade física dessa criatura de um metro e sessenta que caminha rápido o tempo todo e fala pelos cotovelos. Está sempre reclamando que tem muita coisa por fazer, mas cuida de tudo e de todos, como se tudo e todos fossem mais importante do que ela própria. Felizmente, está aprendendo a cuidar mais dela também.

Segundo os amigos (meus e da Carol), ela é "iluminada", "mãezona", "figuraça". Desde que consigo me lembrar, é com ela que as amigas conversam sobre coisas que não conseguem conversar com as próprias mães. É dela o "Bolo de Fanta" que se torna inesquecível à primeira mordida e dela a execução de pratos que o Márcio usa como parâmetro para os meus. "Está quase como o da tua mãe", diz ele, quando quer me elogiar.

Quando, aos 48 anos, perdeu o amor da vida dela – sim, aquele pai que volta e meia aparece citado aqui –, juro ter ficado com medo de ela não resistir. Mas ela agüentou firme e seguiu e segue por aqui, construindo uma história que, ano a ano, fica mais ampla, mais iluminada, mais colorida.

*

Este post não é um presente nem uma homenagem de aniversário. É, isto sim, um agradecimento e uma lembrança de que, se não falo mais sobre ela, é porque não precisa. Ela é maior do que isso.

4 comentários:

  1. Lindo texto!

    E parabéns para a sua mãe.
    Já tive o prazer de falar com ela.

    Beijo e abraço, Cássia.

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  2. Parabéns, mãe da Cássia. Até pelo seu aniversário.Mas muito mais por sua filha, useira e vezeira de me levar às lágrimas.
    Seu Solon

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  3. que lindo!

    me lembrou um pouco a minha mãe, outra que é uma "figuraça", tbm :-)

    parabéns, mãe da cássia. e feliz aniversário :-)

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  4. Que lindo, Cássia. Eu não sei, mas sempre qdo penso na "sorte" que tive de ter uma mãe tão especial como a minha - e pelo visto a tua também é - eu me consolo pensando que não sou tão má assim, né?
    (ou será que vim com uma mãe tão legal para ver se ela dava jeito em mim? hehehe)
    beijos

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