Começar o ano vendo um show do Chico é muito bom. Poder vê-lo de novo dois meses depois é melhor ainda. Ontem vimos o mesmo show do Canecão no Teatro do Sesi, aqui em Porto Alegre. O som era melhor, a acomodação idem, mas, o público, muito mais tiete – algo que achei não ser possível.
Quando entrou no palco, o homem foi saudado qual um Beatle. E a comparação da minha parte não é nova. A histeria, porém, incomoda um pouco alguém que é fã e desde criancinha. Segundo a minha cartilha individual, Chico Buarque é para ser reverenciado, e a gritaria não combina com reverência. Principalmente porque encobre o som da incrível banda que ele montou.
É verdade que eu mesma gritei um "Lindo!", a certa altura. Mas não foi para ele. Foi para o Wilson das Neves, responsável por um dos momentos (se não O momento) mais emocionantes do show.
sexta-feira, 30 de março de 2007
quinta-feira, 29 de março de 2007
Nepotismo
O Márcio Pinheiro escreve bem pra caramba. Escreve textos como este, sobre o Wilson das Neves. Ah, sim, ele também é meu digníssimo marido. E o elogio ao texto não é por isso. Até porque eu provavelmente não teria me casado se ele não escrevesse tão bem ;-)
O admirável Wilson das Neves
Márcio Pinheiro
"Ô, sorte!", saúda o baterista Wilson das Neves, usando um bordão - já conhecido entre os músicos do Rio de Janeiro - repleto de significados. Sorte dele de, aos 70 anos, estar plenamente realizado e ainda na ativa, com uma carreira musical das mais sólidas entre os instrumentistas brasileiros.
Sorte de Chico, que conta com esse artista múltiplo em seu grupo há mais de duas décadas.
Sorte nossa, que, a partir de hoje, poderemos vê-lo ao vivo no Teatro do Sesi, em Carioca, show de Chico Buarque, tocando bateria e dividindo os vocais com o protagonista.
Nascido em 1936, Das Neves é um carioca de Madureira, flamenguista e Império Serrano, filho de uma baiana da escola.
- Já nasci Império Serrano. Quando era criança, eu ia ver o desfile na Praça Onze. Depois, ainda adolescente, comecei a tocar na bateria e nunca mais parei de desfilar - explica o músico.
Um dos instrumentistas mais respeitados da MPB, a carreira de Das Neves começou cedo, aos 14 anos, quando ele passou a ter aulas com o percussionista Edgar Nunes Rocca, o Bituca.
- Foi ele quem me levou para a escola Flor do Ritmo. Depois, aos 18 anos, comecei a freqüentar o "ponto dos músicos", na praça Tiradentes e fui conhecendo pessoas. Meu primeiro trabalho profissional foi no Dancing Brasil, na orquestra de Ubirajara Silva.
A partir daí não parou mais. Participou de vários conjuntos, entre eles o de Steve Bernard em 1963, a Orquestra de Astor Silva em 1964, o Conjunto de Ed Lincoln em 1965, a orquestra da TV Globo no Rio e a orquestra da TV Excelsior de São Paulo, além de tocar com alguns dos maiores nomes da música brasileira.
- Faz o teste aí: vai dizendo os nomes dos músicos e certamente eu terei tocado com eles - desafia Das Neves.
Os cinco primeiros citados - Tom Jobim, Paulinho da Viola, Jorge Benjor, João Donato e Caetano Veloso - foram confirmados pelo baterista, que ainda acrescentou à lista Elizeth Cardoso, Elza Soares, Roberto Carlos, Elis Regina, Wilson Simonal, Baden Powell e Chico Buarque, que vem sendo seu parceiro mais freqüente nos últimos anos. Paralelamente, Das Neves é integrante da Orquestra Imperial, big band que reúne 18 músicos fixos e vários agregados de peso, juntando nomes como Nelson Jacobina, Moreno Veloso, Rodrigo Amarante e Pedro Sá.
Na última década, a carreira do músico ganhou novos rumos. Depois de ter lançado vários discos como instrumentista - O Som Quente É o Das Neves (1969) e Samba-Tropi - Até aí Morreu Neves (1970) -, o baterista estreou como cantor em 1996, em O Som Sagrado de Wilson das Neves, abrindo seu baú de composições. O disco trazia um clássico instantâneo (O Samba É Meu Dom) e garantiu a ele um Prêmio Sharp. Por incrível que pareça, de músico-revelação.
- Fui convidado para fazer um disco instrumental, mas não quis. Já tinha feito outros. Queria gravar minhas músicas, interpretá-las. Aliás, nem me considero um cantor. Sou apenas um intérprete das minhas músicas - diz Das Neves, destacando que o sucesso do CD favoreceu o lançamento de um outro disco, Brasão de Orfeu.
- O Chico soube dessas minhas parcerias e disse que gostaria de fazer uma música comigo. Foi assim que nasceu Grande Hotel.
Ao lado de Chico Buarque, com quem trabalha há mais de 20 anos, Das Neves agora joga em outras posições e deixa a defesa para vir para a linha de frente. Em Grande Hotel (27ª música apresentada em Carioca), Das Neves divide os vocais com o cantor. Ele lembra que foram necessários vários shows para relaxar no dueto quando está no palco com Chico, a quem chama carinhosamente de "chefia".
- Eu me sinto como o Coutinho, tendo que passar a bola nada mais nada menos que para o Pelé. É muita responsabilidade.
Da série coisas que eu queria ter escrito
Eu quero ver a Sandy em Porto Alegre. Como me falta o tempo e principalmente o talento para falar sobre isso, uso do copy+paste para fazer minhas as belissimamente escritas palavras do Paulo Roberto Pires:
Sandy,de novo, e o gosto dos outros
Eu gosto da Sandy, escrevia eu, comendo minhas goiabinhas (obrigado, Stanislaw), quando a caixa de comentários do post retrasado virou uma divertidíssima confusão entre o fã-clube de carteirinha da mocinha e os chamados “amantes do jazz”.
Esta discussão sobre as supostas breguice e falta de talento da Sandy e a suposta pureza do jazz me fez lembrar “O gosto dos outros”. Vocês viram? É um filme incrível, da francesa Agnès Jaoui (que também é ótima cantora), que mostra como o gosto é determinado pelo status social mas também o determina. E a gente acompanha, perplexo, como um empresário grosseirão apaixonado por uma atriz tem que suar o terno para mostrar que também é gente num mundo (do teatro) em que todo mundo tem opinião, lê boas coisas, ouve boas coisas. É coisa boa demais para ser verdade, aliás.
Pois quando Marisa Monte lançou aquele “Memórias, crônicas de declarações de amor” - que na época, 2000, me pareceu chatíssimo e hoje me parece mais ainda - fiz um “blind test” com a minha enteada (aquela que gostava do “Sandyjúnior”). Botei para ela ouvir uma baladinha, chatiiiiiiinha, em que a Marisa esganiçava um “É estraaaaaaanhuuuuuu” e mandei: “Legal a nova música da Sandy, né?”. Ela parou, pensou e logo ficou indignada: “Mas essa eu ainda não ouvi!”
Ou seja, se, sem rótulo, toda muderna tem seus dias de baba-baladeira, por que não o contrário? Mas aí vem outro problema de gosto, que se deve discutir: os chamados “amantes do jazz”, que sabem a cor da camisa que o Charlie Parker usava no dia em que gravou “Laura” e, nos festivais, ficam tentando adivinhar a música no primeiro compasso. Haja.
E estes “amantes do jazz”, por exemplo, adoram a aborrecidíssima Madeleine Peyroux - que, vamos combinar, é muito mais brega do que a Sandy. Mas tem cara de triste e melancólica, toca aquele violãozinho safado e, inegavelmente, imita a Billie Holliday - quando Lady Day era acometida por um resfriado, é claro.
Isso tudo é menos engraçado quando se fala em “pureza” do jazz. Aí eu me arrepio. A última vez que alguém levou a sério esse negócio de “pureza” foi na Áustria, nos anos 30, e deu no que deu. Na Tropicália, a instalação histórica, o Hélio Oiticica pregou uma plaquinha: “A pureza é um mito”. Eu diria que, mais do que mito, é um perigo. Toc toc toc.
O certo é que ficou combinado por alguém (inteligente) em algum lugar (chique) que é legal gostar da Marisa, mexer seu uisquinho ouvindo a Madeleine se esganiçar e que não pega muito bem gostar da Sandy. Mas, como eu ia dizendo de novo quando isso tudo começou, eu gosto da Sandy.
quarta-feira, 28 de março de 2007
Grande definição
Do meu amigo Dante Longo, descrevendo a si mesmo como a última das criaturas: "Maguari limão diet misturado com Biotônico Fontoura"
Da falta de educação de pessoas supostamente educadas
Uma coisa que me espantou sobremaneira na palestra de ontem foi o número de gente que se levantou e saiu no instante em que o apresentador disse "agora vamos fazer a última pergunta". Não consigo deixar de me espantar com a capacidade que os seres humanos têm de serem grosseiros.
terça-feira, 27 de março de 2007
2 Fronteiras do Pensamento
2.1 Atraso de meia hora para entrar na palestra do Roberto Darnton. A culpa não foi minha, mas da zona em que se transformou o entorno da UFRGS, aparentemente por uma chateação da EPTC. Foi uma pena, perdi toda a parte da explanação sobre Rousseau e Voltaire
2.2 Frase da noite: "Eu não sei", resposta do Sr. Darnton à pergunta "Qual é o futuro da humanidade". Sabedoria não se compra
2.2 Frase da noite: "Eu não sei", resposta do Sr. Darnton à pergunta "Qual é o futuro da humanidade". Sabedoria não se compra
segunda-feira, 26 de março de 2007
domingo, 25 de março de 2007
Fiquei sabendo há pouco que um colega do clicRBS morreu ontem atropelado. Aos 20 anos, o Bruno Neumann era um daqueles guris que, trabalhando com tanta gente mais nova do que eu, aprendi a identificar como sendo especial. Não sei bem explicar a razão, porque poram poucos os contatos que tive com ele, mas lembro de sempre ter tido a melhor das impressões.
A notícia me deixou muito triste, e eu sinceramente não consigo pensar em nada além disso para escrever agora.
A notícia me deixou muito triste, e eu sinceramente não consigo pensar em nada além disso para escrever agora.
sábado, 24 de março de 2007
Inspirada pelo belo texto de apresentação que o Sérgio Augusto fez para Jazz, Samba e Outras Notas, coletânea de textos do Lúcio Rangel organizada por ele, peguei para ver Boêmio Encantador, filme de 1938, com Cary Grant e Katharine Hepburn, dirigidos por George Cukor.
Das idéias que eu queria ter tido
Adorei o post que o Marmota fez, por inspiração do Rafael Galvão, com as buscas do Google que levaram incautos ao site dele. Por aqui, entre ontem e hoje, andaram chegando atrás de:
- cópia chave codificada (é cara pra dedéu)
- o diabo veste prada tarso (Tarso Genro veste Prada? Não se fazem mais socialistas como antigamente)
- frases ruy barbosa (não, nunca cite, mas achei chique que alguém tenha chegado até aqui com isso)
- relativização do tempo e das distâncias entre lugares e pessoas (calculo a decepção que se seguiu ao clique)
- mesóclise depois de que (arrá, nesta eu ajudei, né?)
- gente exibida (além de mim, não tem mais ninguém assim aqui, não)
sexta-feira, 23 de março de 2007
Bem lembrado
Graças ao comentário da fezoca ali embaixo, fui atrás deste belo trailer do lindo Ensina-me a Viver, do Hal Ashby para dividir com os meus queridos 17.
Dúvida que assalta
Será que agora, como ministro de Lula, o Franklin Martins vai processar de novo o Diogo Mainardi?
No meu toca-discos...
Hoje à tarde, saí para uma reunião e esqueci de desligar o player do last.fm, que me acompanha nos trabalhos que exigem maior concentração. A rádio de hoje: artistas semelhantes a Cat Stevens. Como eu não estava no comando das picapes, sem, portanto, banir coisas chatas e passar adiante o que não me interessa, acabei deixando no rastro ali na esquerda coisas que eu provavelmente não ouviria até o final, como Beck, Pixies e Coldplay. Nada contra, mas não me dizem muita coisa, não.
E o Cat Stevens? Desde que me inscrevi no site, em junho passado, e adotei o atual Yusuf Islam como base para uma das minhas estações, só tocaram duas músicas dele.
E o Cat Stevens? Desde que me inscrevi no site, em junho passado, e adotei o atual Yusuf Islam como base para uma das minhas estações, só tocaram duas músicas dele.
quarta-feira, 21 de março de 2007
1 Fronteiras do Pensamento
Luc Ferry & Paulo Renato Souza
1.1 É indescritível a sensação de participar de um evento como o que começou ontem em Porto Alegre simplesmente como público, sem compromisso jornalístico de escrever alguma coisa sobre, de contar como foi, de pensar num lead. Ainda que, admito, eu tenha destacado mentalmente alguns pontos que não poderiam ficar de fora da matéria. É o vício. Um dos destaques: o fato de o Luc Ferry ser um crítico veemente do construtivismo. Viva! Sempre achei uma bobagem sem fim aquele papo de "cada aluno com seu ritmo".
1.2 Achei uma pena ter lido metade do Aprender a Viver antes da palestra do Ferry. Apesar de excelente, a palestra do homem É o livro. Não tive surpresas, pois, com a maior parte do que ele falou, o que foi meio ruim. Em compensação, retomei a leitura com outros olhos. Ficou bem mais clara, por exemplo, a diferenciação que ele faz entre filosofia e religião.
1.3 Tenho a maior das boas vontades com o Paulo Renato Souza. Mas não deu. E não só pela comparação com a palestra anterior. Foi ruim mesmo, descolado do contexto da primeira palestra. Será que eles não se falaram antes? Será que o Paulo Renato já tinha lido antes o que leu para o público? Fora que eu sofri horrores com o contrangimento de ver metade da platéia se levantar e sair no meio. Não consigo fazer isso. Nem em filme.
1.4 Só europeus podem manter a elegância com cortes de cabelo como o do Ferry?
1.5 Surpresa boa: meu francês ainda dá para o gasto. Consegui acompanhar toda a fala do Ferry sem os fones (os aparelhos imitam de um jeito meio ridículo o i-Pod!). Das duas uma: ou eu andava subestimando o meu domínio do idioma, ou ele só usa vocabulário do "Livre 1".
1.6 Além das palestras, tive o prazer de conversar com gente tão querida e interessante como a Ana Guerra, o Bel Merel, a Dodô Dornelles, a Tânia Carvalho, o Gilberto Perin, a Alice Urbim, a Marlise Aúde, o Roger Lerina e o Walter Galvani. O projeto "Reaprendendo a pensar" tem também, portanto, um módulo bacana chamado "Rever pessoas legais".
1.1 É indescritível a sensação de participar de um evento como o que começou ontem em Porto Alegre simplesmente como público, sem compromisso jornalístico de escrever alguma coisa sobre, de contar como foi, de pensar num lead. Ainda que, admito, eu tenha destacado mentalmente alguns pontos que não poderiam ficar de fora da matéria. É o vício. Um dos destaques: o fato de o Luc Ferry ser um crítico veemente do construtivismo. Viva! Sempre achei uma bobagem sem fim aquele papo de "cada aluno com seu ritmo".
1.2 Achei uma pena ter lido metade do Aprender a Viver antes da palestra do Ferry. Apesar de excelente, a palestra do homem É o livro. Não tive surpresas, pois, com a maior parte do que ele falou, o que foi meio ruim. Em compensação, retomei a leitura com outros olhos. Ficou bem mais clara, por exemplo, a diferenciação que ele faz entre filosofia e religião.
1.3 Tenho a maior das boas vontades com o Paulo Renato Souza. Mas não deu. E não só pela comparação com a palestra anterior. Foi ruim mesmo, descolado do contexto da primeira palestra. Será que eles não se falaram antes? Será que o Paulo Renato já tinha lido antes o que leu para o público? Fora que eu sofri horrores com o contrangimento de ver metade da platéia se levantar e sair no meio. Não consigo fazer isso. Nem em filme.
1.4 Só europeus podem manter a elegância com cortes de cabelo como o do Ferry?
1.5 Surpresa boa: meu francês ainda dá para o gasto. Consegui acompanhar toda a fala do Ferry sem os fones (os aparelhos imitam de um jeito meio ridículo o i-Pod!). Das duas uma: ou eu andava subestimando o meu domínio do idioma, ou ele só usa vocabulário do "Livre 1".
1.6 Além das palestras, tive o prazer de conversar com gente tão querida e interessante como a Ana Guerra, o Bel Merel, a Dodô Dornelles, a Tânia Carvalho, o Gilberto Perin, a Alice Urbim, a Marlise Aúde, o Roger Lerina e o Walter Galvani. O projeto "Reaprendendo a pensar" tem também, portanto, um módulo bacana chamado "Rever pessoas legais".
segunda-feira, 19 de março de 2007
domingo, 18 de março de 2007
Múmia pop
A pessoa tem certeza de que não sabe nada da música pop atual quando lê (na Rolling Stone brasileira de fevereiro, portanto, velha) a frase "se bem que há afoitos que consideram o Coldplay melhor que o Radiohead na atualidade" e só consegue pensar: "Ahn? O Radiohead não é aquela banda que imita os Beatles, e o Coldplay não é a do marido da Gwyneth Paltrow que imita o U2?"
sábado, 17 de março de 2007
sexta-feira, 16 de março de 2007
quarta-feira, 14 de março de 2007
Momento citação
Hoje, os escritores jovens querem ser lidos na segunda-feira, ser publicados na terça, ter um êxito extraordinário na quarta e na quinta ser traduzidos em todo o mundo.Merecia repeteco esta citação já citada pelo Sérgio Rodrigues.
terça-feira, 13 de março de 2007
Reminiscências sonoras
Cat Stevens é mesmo bom pra dedéu. Márcio comprou ontem este aqui por alguns pilinhas, e eu não consigo parar de lembrar dos tempos de faculdade, em que um cassete com este outro aqui não saía do rádio do carro. E tem ainda o mais recente, de que falei outro dia.
Depois de escrito o que está acima, achei um post passado que não me deixa mentir. (Ou pelo menos mostra que eu sou uma criatura repetitiva.)
*
Aliás, ali na esquerda agora tem uma caixinha do Google que faz buscas só nos blogs. Funciona direitinho.
Depois de escrito o que está acima, achei um post passado que não me deixa mentir. (Ou pelo menos mostra que eu sou uma criatura repetitiva.)
Aliás, ali na esquerda agora tem uma caixinha do Google que faz buscas só nos blogs. Funciona direitinho.
sábado, 10 de março de 2007
Filô
Enquanto me preparo para o Fronteiras do Pensamento lendo Aprender a Viver, do Luc Ferry, lembro de um professor que tive no colégio, em Sorocaba. Infelizmente, o nome dele não me ocorre, mas lembro direitinho da primeira aula e da definição de filosofia que ele deu (se não me engano, no segundo ano do segundo grau): *
Update de domingo: Hoje chegou a sacolinha com o passaporte para as palestras, o livro do evento, um caderno e uma caneta. Eu parecia criança com material novo, e agora estou ansiosamente à espera do "primeiro dia de aula".
Azar, acho que vou gostar.
"Filosofia é a busca do homem pela compreensão de por que não é feliz".Simples, não?
Update de domingo: Hoje chegou a sacolinha com o passaporte para as palestras, o livro do evento, um caderno e uma caneta. Eu parecia criança com material novo, e agora estou ansiosamente à espera do "primeiro dia de aula".
Azar, acho que vou gostar.
sexta-feira, 9 de março de 2007
Ê
Toda vez que sai crítica de livro que traduzi, fico superfeliz ao não ver nenhum comentário do tipo "apesar da tradução". Foi o caso desta aqui (só para assinantes UOL ou Folha), do Michel Laub, na Folha de S. Paulo, sobre o Queria que Você Estivesse Aqui, do Stewart O'Nan, que traduzi para a Record.
O'Nan utiliza velho realismo psicológico e tem bom resultado
MICHEL LAUB
ESPECIAL PARA A FOLHA
Não é muito difícil perceber quando um romance foi concebido para virar best-seller.
Há elementos que servem como pista: a prosa excessivamente transparente, pequenos "ganchos" para manter o interesse no próximo capítulo, o didatismo que dá um caráter utilitário à leitura (como funciona um tribunal, um aeroporto, o mercado de ações), uma estrutura adaptável para o cinema (narrativa cena a cena, descrições detalhadas, profusão de diálogos).
E, no entanto, nem todos os livros escritos assim prescindem de uma expressão individual, uma visão de mundo que faz mais do que confirmar as certezas prévias do leitor. Exemplo é o recém-lançado "Queria que Você Estivesse Aqui", de Stewart O'Nan.
De certa maneira, o triunfo deste ex-engenheiro nascido em 1961, em Pittsburgh, Estados Unidos, é justamente a coragem de tentar unir conceitos em geral situados em campos opostos: arte e entretenimento, verdade e inteligibilidade, como se a única maneira de refletir o caos do mundo contemporâneo fosse uma narrativa também caótica, numa espécie de incômodo estrutural que o leitor purga com abnegação e amor à causa.
Realismo psicológico
O'Nan faz o contrário: opta pelo velho realismo psicológico, com suas ironias e sutilezas, para descrever a última temporada de férias de uma família à beira do lago Chautauqua.
Ali estão reunidos a viúva matriarca, sua cunhada, seus filhos e netos. Ao longo de uma semana, eles vivem experiências banais em ambientes que ressoam um certo imaginário do cinema americano: aquelas pequenas cidades, aqueles pequenos chalés, aquela nostalgia do "trio de bóias de barco sob a forma de sereia", das "cervejas ilegais enquanto os pais recebiam os Lerners e os Wisemans na varanda".
Só que, mais uma vez, a habilidade do autor em traçar perfis por meio de um simples gesto, às vezes por uma palavra não dita, empurra a narrativa para o terreno do inesperado. É quando os segredos começam a vir à tona: um divórcio cheio de ressentimentos, um adolescente problemático, a competição entre duas mulheres, uma paixão proibida. Novamente falando de tradições subvertidas, é como se O'Nan armasse sua história sob a forma clássica dos grandes dramas familiares americanos.
Basta pensar no teatro de Eugene O'Neill e Edward Albee, por exemplo.
Só que, à diferença desses autores, que conduzem os conflitos rumo a um clímax rumoroso, expondo as entranhas das relações entre pais, filhos e irmãos como metáforas de uma sociedade doente, "Queria que Você Estivesse Aqui" se encerra como um suspiro. Uma discreta e melancólica nota final, crítica em relação ao seu objeto, sem dúvida, mas com a ternura suficiente para entendê-lo em suas falhas e contradições. Talvez não seja o que o "establishment" literário deseja ouvir, mas é inegavelmente uma voz a se considerar.
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MICHEL LAUB é autor de "O Segundo Tempo" e "Longe da Água" (ambos lançados pela Companhia das Letras)
QUERIA QUE VOCÊ ESTIVESSE AQUI
Autor: Stewart O'Nan
Tradução: Cássia Zanon
Editora: Record
Quanto: R$ 54,90 (560 págs.)
quinta-feira, 8 de março de 2007
Da série azar, gostei
Não sou muito fã do Hugh Grant, e o queixo da Drew Barrymore me incomoda um pouco, mas Letra & Música é mais divertido do que eu imaginava.
Nada como uma vontade doida de desopilar e uma baixa expectativa para melhorar um abacaxi.
Nada como uma vontade doida de desopilar e uma baixa expectativa para melhorar um abacaxi.
terça-feira, 6 de março de 2007
Auto-análise
E quando a pessoa se dá conta de que provavelmente não gostaria de conviver consigo mesma se fosse outra pessoa?
Como assim, planos?
Lendo este post da Tica, eu me dei conta de uma coisa fundamental na minha vida: não faço planos. Pelo menos não a longo prazo. Acho que nunca fiz. É verdade que sempre sonhei muito, e alguns dos meus sonhos se realizaram, outros estão se realizando. Tem também aqueles que ainda dá para realizar e os tantos que abandonei – como me casar com o John Cusack, por exemplo.
A morte do meu pai aos 48 anos parece ter tido um grande peso nisso. Por um lado foi bom, porque nunca me prendi a objetivos predeterminados. E esse desprendimento me fez mudar de emprego por vontade própria aos 23, aos 26 e aos 29 anos, atrás de detalhes que o emprego anterior não era capaz de me dar. Não me arrependo das mudanças, e eu as faria all over again. Mas hoje me pego invejando um pouco meus amigos que fizeram concurso público. É o meu lado acomodado, que ainda não falou alto o bastante.
Nunca planejei ser tradutora, mas, desde o primeiro livro que traduzi, em 1999, meio que num impulso de "preciso ter uma alternativa à dura vida de jornalista mal paga", peguei um atrás do outro e já são quase oito anos disso. E hoje não consigo mais imaginar minha vida sem esse exercício diário de traição involutária do talento alheio. No meu trabalho diário, planejamento é fundamental, mas estou convencida de que esse planejamento precisa ser meu guia, não meu patrão. Porque se um desvio aparecer no meio do caminho, é preciso estar alerta e disponível para aceitá-lo e percorrê-lo, porque é provável que, no final, a melhor resposta pode estar ali, não lá.
Sempre quis ter filho antes dos 30. Aos 28, comecei a fazer os primeiros exames, mas a gente se mudou para São Paulo, e eu resolvi que não dava pra ter filho na desvairada. Pelo menos não tão cedo. Quiseram os astros que voltássemos a Porto Alegre, e, aos 31, retomei o projeto. Aos 32, descobri que precisava fazer um tratamento. Nesse meio tempo, aprendi uma regra de etiqueta fundamental que não se ensina nos livros: JAMAIS pergunte a um casal casado há muito tempo "e aí, e os filhos?", nem faça comentários cretinos como "vocês precisam parar de tratar os cachorros como filhos e providenciar um herdeiro". Porque às vezes os filhos não vieram porque ainda não deu certo. E cada vez que alguém faz uma pergunta dessas, a gente fica um pouco triste. Pensando bem, todas essas perguntas que envolvem deviam todas ser proibidas, ou ao menos malvistas. Abaixo aqueles parentes distantes que insistem em perguntar para as solteiras sobre "os namorados", ou ao vestibulando "que curso tu vai fazer", ou à gordinha "como vai aquela dieta" etc. etc. etc.
Planos, desejos e sonhos são importantes, mas não podem estar relacionados diretamente à nossa idéia de felicidade. Porque se a gente faz isso, está pavimentando uma estrada quase certa para a frustração. Porque pela minha pouca experiência, a felicidade é uma coisa com a qual a gente topa de repente, que pode vir numa coisa em que a gente não tinha sequer pensado. Uma viagem surpresa. Um fim de semana sem perspectiva social que acaba virando uma festa. A minha vida, afinal, acaba sendo como esse post: começa numa direção, toma um rumo diferente e termina numa terceira via, ainda sem cara de fim. Porque como dizia o meu finado perfil do Orkut, sou um work in progress.
Queridos 17, perdão pelo post comprido e desabafo, mas eu tava precisando.
A morte do meu pai aos 48 anos parece ter tido um grande peso nisso. Por um lado foi bom, porque nunca me prendi a objetivos predeterminados. E esse desprendimento me fez mudar de emprego por vontade própria aos 23, aos 26 e aos 29 anos, atrás de detalhes que o emprego anterior não era capaz de me dar. Não me arrependo das mudanças, e eu as faria all over again. Mas hoje me pego invejando um pouco meus amigos que fizeram concurso público. É o meu lado acomodado, que ainda não falou alto o bastante.
Nunca planejei ser tradutora, mas, desde o primeiro livro que traduzi, em 1999, meio que num impulso de "preciso ter uma alternativa à dura vida de jornalista mal paga", peguei um atrás do outro e já são quase oito anos disso. E hoje não consigo mais imaginar minha vida sem esse exercício diário de traição involutária do talento alheio. No meu trabalho diário, planejamento é fundamental, mas estou convencida de que esse planejamento precisa ser meu guia, não meu patrão. Porque se um desvio aparecer no meio do caminho, é preciso estar alerta e disponível para aceitá-lo e percorrê-lo, porque é provável que, no final, a melhor resposta pode estar ali, não lá.
Sempre quis ter filho antes dos 30. Aos 28, comecei a fazer os primeiros exames, mas a gente se mudou para São Paulo, e eu resolvi que não dava pra ter filho na desvairada. Pelo menos não tão cedo. Quiseram os astros que voltássemos a Porto Alegre, e, aos 31, retomei o projeto. Aos 32, descobri que precisava fazer um tratamento. Nesse meio tempo, aprendi uma regra de etiqueta fundamental que não se ensina nos livros: JAMAIS pergunte a um casal casado há muito tempo "e aí, e os filhos?", nem faça comentários cretinos como "vocês precisam parar de tratar os cachorros como filhos e providenciar um herdeiro". Porque às vezes os filhos não vieram porque ainda não deu certo. E cada vez que alguém faz uma pergunta dessas, a gente fica um pouco triste. Pensando bem, todas essas perguntas que envolvem deviam todas ser proibidas, ou ao menos malvistas. Abaixo aqueles parentes distantes que insistem em perguntar para as solteiras sobre "os namorados", ou ao vestibulando "que curso tu vai fazer", ou à gordinha "como vai aquela dieta" etc. etc. etc.
Planos, desejos e sonhos são importantes, mas não podem estar relacionados diretamente à nossa idéia de felicidade. Porque se a gente faz isso, está pavimentando uma estrada quase certa para a frustração. Porque pela minha pouca experiência, a felicidade é uma coisa com a qual a gente topa de repente, que pode vir numa coisa em que a gente não tinha sequer pensado. Uma viagem surpresa. Um fim de semana sem perspectiva social que acaba virando uma festa. A minha vida, afinal, acaba sendo como esse post: começa numa direção, toma um rumo diferente e termina numa terceira via, ainda sem cara de fim. Porque como dizia o meu finado perfil do Orkut, sou um work in progress.
Queridos 17, perdão pelo post comprido e desabafo, mas eu tava precisando.
Do Last.fm
Coisa ruim: Se eu boto para tocar coisas parecidas com Debussy, ele interpreta como qualquer coisa "clássica", e às vezes me toca umas árias.
Coisa boa: Eu posso "banir" essas árias.
Detesto árias.
Coisa boa: Eu posso "banir" essas árias.
Detesto árias.
segunda-feira, 5 de março de 2007
O Homem que Matou o Escritor, do Sérgio Rodrigues. Gostei muito. E isso que sou mais uma mulher de romances do que de contos...
sábado, 3 de março de 2007
Não se pode ter tudo na vida
Hm. Em Porto Alegre, a lua está eclipsada pelas nuvens...
*
O título do post parafraseia o delicioso 1972, da minha ídala Ana Maria Bahiana, que o Márcio e eu assistimos há pouco na CCMQ. Vale a pena. Como diria o Roger, é um filme "muito querido".
O título do post parafraseia o delicioso 1972, da minha ídala Ana Maria Bahiana, que o Márcio e eu assistimos há pouco na CCMQ. Vale a pena. Como diria o Roger, é um filme "muito querido".
quinta-feira, 1 de março de 2007
Falou e disse
Identificação total com a Fer:
o Inter é Campeão do Mundo e o Scorsese é Academy Award Winner.
pelo que eu vou torcer agora?
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